Oscar Pistorius está fora dos Jogos do Rio
2016
Condenação a cinco anos de prisão exclui o maior atleta paraolímpico da competição, diz comitê internacional
"A perda de Reeva e o trauma daquele dia eu carregarei pelo restante da minha vida", diz Oscar Pistorius, 27, em mensagem no seu site.
Em 14 de fevereiro de 2013, Dia dos Namorados na África do Sul, o atleta matou a namorada, a modelo Reeva Steenkamp, em casa, em Pretória, com quatro tiros através da porta do banheiro, que estava trancada.
Em 12 de setembro de 2014, outra data marcante para o esporte, o maior atleta paraolímpico da história foi condenado por homicídio culposo. Faltava, contudo, definir a pena de Pistorius.
Nesta terça (dia 21), a juíza Thokozile Masipa encerrou sete meses de julgamento e anunciou uma pena máxima de cinco anos de prisão.
De acordo com o Comitê Paraolímpico Internacional, "qualquer atleta que está cumprindo sentença de uma condenação penal não é elegível a participar de competição sancionada pelo IPC (sigla em inglês da entidade)".
Ou seja, como a pena é de cinco anos, ele estaria autorizado a competir novamente apenas em 2019, mesmo se cumprir um tempo menor, em regime semiaberto ou aberto.
"A menos que o juiz mude sua decisão, ele está fora da Rio-2016", afirma o IPC em nota enviada à Folha.
Presidente do Comitê Paraolímpico Brasileiro e também vice do Internacional, o carioca Andrew Parsons disse que o episódio não atrapalhará a Paraolimpíada.
"A maior perda é para a família de Reeva. O movimento paraolímpico é maior do que qualquer atleta individualmente. Temos muitos outros atletas excepcionais que certamente farão com que não percebamos a ausência de Oscar no Rio", disse.
"As performances dos atletas brasileiros e internacionais, somadas ao entusiasmo do público, farão da Rio-2016 a Paraolimpíada mais espetacular de todos os tempos", completou o dirigente.
Um desses atletas pode ser o brasileiro Alan Fonteles, que venceu o sul-africano em Londres, em 2012.
"Pistorius fez muito pelo esporte e nada apaga o passado. Agora vai ter que cumprir o que a Justiça determinou. O IPC tomou uma decisão correta porque o esporte trata de exemplos a serem seguidos", disse Fonteles.
GLÓRIA E SOMBRA
Essa terça, quando a juíza anunciou os cinco anos de condenação, foi mais um dia de sombra para Pistorius, um momento que faz com que pareçam distantes dias de glória, como os que transformaram o biamputado em herói.
Dias como os que Pistorius ganhou suas seis medalhas de ouro, uma prata e um bronze nas paraolimpíadas de 2004, 2008 e 2012.
Ou quando foi selecionado pela África do Sul para fazer parte da equipe principal de revezamento 4 x 400 m do país no Mundial de 2011.
Um dia excepcional como 4 de agosto de 2012, quando correu e se classificou para a semifinal dos 400 m da Olimpíada de Londres entre atletas sem qualquer deficiência.
Essa terça foi, afinal, um dia marcante para Barry Steenkamp, pai de Reeva, que disse estar "muito satisfeito" com a sentença.
A juíza Masipa insere seu nome na memória dos sul-africanos assim como havia feito o ortopedista Gerry Versveld, que implantou as próteses nas pernas de Pistorius antes que ele completasse um ano e, assim, permitiu que ele aprendesse a andar com os equipamentos que, um dia, lhe dariam fama e dinheiro.
Agora, quem sabe um dia ele volte a competir.