Símbolo da luta contra o Apartheid critica Pelé
RACISMO Sul-africano campeão mundial de rúgbi em 1995 elogia atitude do goleiro Aranha
"Se Pelé disse que Aranha deveria ter ignorado as ofensas, não concordo com ele. Somos homens, não macacos, e não podemos ficar calados quando nos chamam assim", disse Chester Williams à Folha.
Negro como o Rei do Futebol, Williams, 44, rebate-o com a autoridade de quem conquistou sucesso no rúgbi, um esporte dominado por brancos, em uma África do Sul que vivia o Apartheid --política oficial de segregação racial-- quando ele começou a jogar, nos anos 1990.
No Brasil até o fim do mês para ministrar clínicas de rúgbi e participar de projetos sociais, Williams estava a par do incidente com o goleiro do Santos, em agosto.
Pelé disse que Aranha não deveria ter se manifestado sobre as ofensas que recebia durante a partida contra o Grêmio pelo Copa do Brasil.
À Folha, Aranha disse que não se arrepende do que fez.
"Também passei por isso. Sim, foi jogando que conquistei o respeito das pessoas, mas dizer que o goleiro deveria ter deixado para lá as ofensas, se não era isso que sentia, não é certo", diz.
Como atleta, Williams fez mais pela África do Sul do que muitos governantes.
Em 1995, quando o país recebeu a Copa do Mundo do esporte pela primeira vez, ainda sob os ecos do fim do Apartheid e da eleição de Nelson Mandela para presidente, Williams foi o único negro convocado para a seleção.
Segundo ele, a história real assemelha-se muito à retratada no filme "Invictus" (2009), dirigido por Clint Eastwood, que contou a inesperada saga do time azarão que viria a ser campeão.
Sobre o racismo, ele é direto: "Isso só vai mudar com o tempo, quando nossas crianças não aprenderem a diferenciar as pessoas pela cor."