Vende-se
Rebaixada para a Série C, Portuguesa quer se desfazer de parte do clube; Canindé seria demolido para a construção de um estádio menor
Rebaixada pela primeira vez para a Série C do Campeonato Brasileiro, a Portuguesa planeja negociar parte do terreno do Canindé com a iniciativa privada para sobreviver.
Atolado em dívidas na casa de R$ 100 milhões, o clube tenta tirar do papel a ideia de demolir seu estádio e construir outro menor em um espaço da área atual do clube.
"Do jeito que está não dá. Tive de pagar as contas de água e funcionários com meu dinheiro. Não temos caixa para bancar o futebol. A folha salarial está atrasada há três meses. E jogador que não recebe não joga direito", disse o presidente Ilídio Lico.
As primeiras discussões sobre o 2015 da vice-campeã brasileira de 1996 serão feitas em reunião do conselho deliberativo nesta quinta (30), dois dias após o descenso.
Lanterna da Série B, a Portuguesa teve a queda para a terceira divisão decretada com cinco rodadas de antecedência ao ser derrotada por 3 a 0 pelo Oeste, na terça (28).
Agora, para se reerguer e sair de um estado de "pré-falência", como define o presidente do conselho deliberativo Marco Antônio Teixeira Duarte, o clube busca um parceiro para bancar a reconstrução do Canindé e transformá-lo em espaço lucrativo.
"Estamos analisando esse projeto. Queremos criar um complexo maravilhoso, nos moldes da arena do Palmeiras, mas dez mil vezes melhor", disse Teixeira Duarte.
A ideia, explicou Lico, é que uma empresa banque a demolição do atual Canindé e construa um estádio menor na área. A contrapartida seria dar a esse parceiro o direito de explorar comercialmente o espaço sobressalente.
De fato, os 21 mil lugares de capacidade do Canindé foram demais para a Lusa na Série B. O público pagante somado de seus 15 jogos em casa na segunda divisão não chegou a 18 mil pessoas.
Em vez de lucro, os jogos realizados no estádio paulistano deram um prejuízo de mais de R$ 270 mil ao clube durante a segunda divisão. Só a partida contra o Vasco colocou dinheiro nos cofres lusitanos. E só R$ 35 mil.
"O clube precisa de torcedores tanto quanto o rio de água. Hoje, não temos isso", adicionou o presidente.
CULPA DO STJD
A diretoria culpa o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) pelo segundo rebaixamento seguido no Brasileiro e a ida para a Série C.
"Tínhamos um time de Série A e um orçamento de Série A. De uma hora para outra, tivemos que mudar tudo", afirmou o cartola.
É ele que tem gerenciado o futebol, já que Lico foi suspenso pelo STJD por ter permitido que o time abandonasse o campo na partida contra o Joinville, em partida da primeira rodada da Série B.
Na ocasião, a Portuguesa tinha uma decisão judicial que a colocava na primeira divisão --o clube perdeu quatro pontos no Brasileiro de 2013 e acabou sendo rebaixado por ter escalado irregularmente o meia Héverton.