Nem indícios de corrupção tiram Copas do Mundo de Rússia e Qatar
FUTEBOL
Fifa fala em irregularidades 'de alcance limitado'; investigador promete recorrer
Depois de quatro anos recheados de denúncias de tentativa de compra de votos e pressão pública e de patrocinadores por medidas enérgicas contra corrupção, a Fifa confirmou nesta quinta (13) que as Copas do Mundo de 2018 e 2022 serão mesmo disputadas na Rússia e no Qatar, respectivamente.
Segundo o comitê de ética da entidade, as investigações sobre as suspeitas de irregularidades no processo que escolheu os dois países apontou indícios de corrupção, mas "de alcance limitado" e insuficientes para que as eleições tivessem de ser refeitas.
A decisão foi apresentada junto a um documento de 42 páginas, assinado pelo presidente do órgão de decisão do comitê de ética, Hans Joachim Ecker, que resume a investigação conduzida pelo ex-promotor norte-americano Michael Garcia, que foi contratado para averiguar as denúncias e melhorar a imagem pública da entidade.
Só que o próprio Garcia contestou a versão apresentada ao público. Ele reclamou que o texto não representa o conteúdo elaborado por ele, cobrou a publicação do seu relatório integral, de 350 páginas, e prometeu recorrer.
"A decisão de hoje do presidente do órgão de decisão contém inúmeras representações materialmente incompletas e errôneas dos fatos e das conclusões detalhadas no relatório da câmara de investigação", afirmou Garcia.
O ex-promotor, porém, não explicou as diferenças entre os dois relatórios e nem se a íntegra do documento traria denúncias mais pesadas.
Segundo os relatórios, os russos destruíram os computadores usados durante a campanha e não colaboraram como desejado com as investigações. Já os árabes, entre outas ações questionáveis, financiaram uma convenção da confederação africana.
As candidaturas derrotadas também foram atacadas pela investigação. A Inglaterra, cuja imprensa foi a principal fonte de denúncias contra o Qatar, foi por exemplo acusada de ter bajulado com dinheiro e favores o então presidente da Concacaf (entidade que gere o futebol nas Américas Central e do Norte), Jack Warner, que acabou deixando a Fifa por corrução.
As denúncias de irregularidade na escolha das sedes da Copa começaram antes mesmo do anúncio das vencedoras, em 2010. Quinze dias antes das eleições, dois membros do comitê executivo foram afastados do órgão após serem flagrados em vídeo pelo "Sunday Times" tentando negociar seus votos.
As suspeitas se intensificaram no ano seguinte, quando Mohamed bin Hamman, um dos articuladores da campanha do Qatar-2022, foi suspenso e posteriormente excluído da Fifa por tentativa de compra de votos na eleição presidencial da entidade --ele era o candidato de oposição contra Joseph Blatter.
A investigação concluiu que pelo menos uma das transações de Bin Hamman pode ter favorecido o Qatar.