Gremistas terão que se apresentar na delegacia nos dias de partida
RACISMO Torcedores que ofenderam Aranha fazem acordo com a Justiça
A torcedora do Grêmio Patrícia Moreira da Silva, 23, que chamou o goleiro Aranha, do Santos, de "macaco" em agosto deste ano, fez um acordo com a Justiça gaúcha e teve a ação por injúria racial contra o jogador suspensa de forma condicional.
Além de Patrícia, outros três torcedores --Éder Braga, Rodrigo Rychter e Fernando Ascal, também denunciados por injúria racial-- vão cumprir o acordo proposto pelo juiz Marco Aurélio Xavier, nesta segunda-feira (24).
Nos dias de jogo do Grêmio, eles terão que se apresentar em uma delegacia 30 minutos antes do início da partida e só poderão deixar o local 30 minutos após o jogo.
A medida valerá até o final de agosto de 2015.
O advogado de Patrícia, Alexandre Rossato, explicou à Folha que não é uma pena alternativa, mas sim uma suspensão condicional. Se os torcedores deixarem de cumprir, poderão ser processados.
As ofensas ao goleiro Aranha ocorreram no dia 28 de agosto, no confronto entre Santos e Grêmio, na Arena do Grêmio, pela Copa do Brasil.
A partida já estava nos minutos finais quando Aranha relatou ao árbitro Wilton Pereira Sampaio que estava sofrendo insultos racistas. Vários torcedores xingavam o jogador e imitavam macacos.
As câmeras da ESPN, que fazia a transmissão do jogo, flagraram Patrícia chamando o santista de "macaco".
Após perder o emprego e pedir desculpas públicas, Patrícia chegou a afirmar que gostaria de virar um símbolo na luta contra o racismo.
"Eu quero, não só dentro da Arena [do Grêmio], mas em outros estádios, na vida social, ser um símbolo contra o racismo. Pretendo mudar essa imagem. Ser um exemplo que englobe todos os times, torcidas", disse ao jornal "Zero Hora".
O episódio ainda prejudicou o Grêmio, que foi excluído da Copa do Brasil em decisão inédita do Superior Tribunal de Justiça Desportiva.