Para melhores do mundo, água da baía de Guanabara 'só piora'
RIO-2016
Velejadoras Martine Grael e Kahena Kunze reclamam de peixes mortos, óleo e lixo
Eleitas as melhores velejadoras do mundo em 2014 pela federação internacional, no início deste mês, Martine Grael e Kahena Kunze voltaram a fazer duras críticas à baía de Guanabara, no Rio, local onde treinam e no qual são favoritas à medalha nos Jogos Olímpicos de 2016.
Campeãs mundiais em setembro passado, na Espanha, na nova classe olímpica 49erFX, as velejadoras brasileiras de 23 anos reclamaram com veemência da piora nas condições das águas nas últimas semanas.
"A qualidade da água está péssima. Desleixo total. Desde o começo não fizeram nada, apenas medidas paliativas desde 2009, quando o Rio soube que seria sede", afirmou Martine à Folha.
"Tempo teve. Mas não fizeram nada. Só piora. Agora, sem chuva, tem muitos peixes mortos. Nas últimas três semanas, começaram a aparecer manchas de óleo. Quando chegarem as chuvas de verão, volta todo o lixo", completou a filha do bicampeão olímpico Torben Grael.
Há cerca de dois anos, a dupla divulga fotos de lixo flutuando nas águas da baía. Em janeiro, Martine encontrou uma carcaça de aparelho de TV em um treino. Até "treinamento" para retirar lixo que fica preso no barco as melhores do mundo fizeram.
"Depende da semana é peixe morto, depois é óleo, lixo. Depende do vento, é mais para Niterói, muda o vento e é pior no Rio. É óbvio, requer vontade política. O lugar é maravilhoso, dos mais lindos do mundo, mas as águas estão poluídas", disse Kahena.
Assim como Martine, Kahena iniciou e precisou parar o curso de engenharia ambiental, mas afirma que "não é preciso estudar muito para ver a poluição na baía".
A Marina da Glória será a base da vela durante a Olim píada. Em agosto deste ano, na mesma raia onde serão os Jogos, já aconteceu a Regata Internacional de Vela, evento-teste do comitê Rio-2016.
Velejadores do Brasil e do exterior reclamaram bastante das condições à época.
"Nós [velejadores] ficamos completamente à parte, não somos consultados para dar opinião", reclamou Martine, que, ao lado da parceira, está indicada ao Prêmio Brasil Olímpico de melhor atleta do ano a ser entregue pelo Comitê Olímpico Brasileiro, em 16 de dezembro, no Rio.