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Novo 'mecenas' do futebol carioca vende copos de guaraná a R$ 1
Neville Proa, da Viton 44, poderá gastar até R$ 30 milhões em 2015 com clubes do Rio
A Viton 44 produz uma das poucas bebidas que ainda se pode comprar com uma moeda de R$ 1 no Rio. São mais de 30 milhões delas que o dono da empresa, Neville Proa, vai despejar este ano no futebol carioca em patrocínio aos clubes da cidade.
Após cinco anos estampando a camisa do Botafogo, a fabricante de guaraná natural também estará nas camisas de Flamengo e Fluminense, substituindo grandes empresas como Peugeot e Unimed, respectivamente.
Já aparece também nas arquibancadas do Maracanã, com quem firmou contrato no fim do ano passado.
Proa gastará mais de R$ 30 milhões com os patrocínios, se confirmada a renovação do acordo com o Botafogo --dependendo do fim das penhoras judiciais. E ainda negocia acordo com o Vasco.
Ele afirma que os 30 milhões de copos de Guaravita e os 8 milhões de garrafas de Guaraviton que vende por mês no Rio e no Espírito Santo permitem o investimento.
"Invisto no limite da minha possibilidade. Não sou babaca", disse ele, que repetiu a última frase quatro vezes em 40 minutos de conversa.
Coronel reformado do Exército, Proa criou a Viton 44 há 15 anos. A empresa ficou famosa pelos produtos baratos, rótulos de cores berrantes e anúncios primários --como uma garrafa de Guaraviton sobrevoando cenas de esportes radicais, sob trilha sonora surf music e sussurros com o nome do produto.
Sem diretor de marketing ou agência de publicidade, Proa coordena as negociações com os clubes. Ele explica de forma simples sua estratégia de publicidade.
"O que vale para mim é a exposição da marca. Quanto mais aparecer na TV e nos jornais, melhor."
Apesar do baixo preço dos produtos, a empresa cresceu. Proa mantém uma fábrica de 45 mil metros quadrados com 750 funcionários na Gardênia Azul, comunidade da zona oeste do Rio dominada por milicianos.
"Meu projeto inicial sempre foi fazer um produto bom, bonito e barato. O Rio tem muita gente com poder aquisitivo muito baixo. Tenho que jogar meu produto para essas pessoas", disse Proa.
A primeira incursão esportiva, nas mangas do Botafogo, em 2011, gerou desconfiança. Cinco anos depois, socorreu Flamengo e Fluminense um dia após perderem seus patrocinadores. Rubro-negro na infância, diz torcer agora pelos times que patrocina.
"O patrocínio me deu visibilidade nacional e aumenta as vendas em 30% todo ano."
Após ganhar notoriedade com as ações de patrocínio no Rio, o empresário disse que passou a ser procurado por clubes de São Paulo e outros estados. Enquanto concedia a entrevista, recebeu a ligação do presidente do Vitória, Carlos Falcão, e um piloto de kart o esperava na antessala para pedir apoio.
Ele evita a classificação de "mecenas" do futebol. E recusa a comparação com a atuação da Caixa Econômica Federal no mercado, que patrocina 14 clubes no país.
"A propaganda da Caixa é propaganda comunista do PT. Eu não sou nada. Fiquei conhecido para caramba, mas não sou babaca", diz ele, sobre o banco com quem dividirá a camisa rubro-negra.
A Caixa não quis se pronunciar. Mas horas após o contato da reportagem com o banco, Proa ligou para a Folha para retificar sua opinião.
"A Caixa tem mais condições de ajudar os clubes. O futebol é quem dá alegria ao povo, assim a Caixa está ajudando o povo. Deveria ajudar a todos os clubes."