Tostão
Histórias, lendas e boatos
Existem muitas lendas, histórias distorcidas ou inventadas, no futebol; não adianta negá-las
Existem milhares de lendas no futebol, histórias distorcidas ou inventadas ao longo do tempo. Não adianta negá-las, nem que tenha vivido o fato. Ninguém vai lhe dar bola.
Dias atrás, mais um jovem jornalista referiu-se a Gerson como símbolo do meia lento e da lentidão do futebol do passado. Há uma imagem da Copa de 1970, bastante repetida na TV, em que Gerson anda com a bola para, depois, dar um passe espetacular de 30, 40 metros. Quando alguém quer criticar Ganso por jogar muito parado, falam que ele atua como Gerson, nos anos 1960. Nada disso é verdade.
Ganso passou a se movimentar mais com Muricy, e Gerson, dentro do estilo e da velocidade da época, atuava de uma área à outra, como fazem hoje os maiores meio-campistas do mundo.
A seleção de 1970 era, obviamente, muito mais lenta que o futebol atual, porém, muito mais rápida que o futebol que se jogava na época e nos mundiais anteriores.
Foi uma equipe revolucionária, pois, além de excepcional qualidade, preocupava-se com a disciplina tática, com a marcação, com a diminuição dos espaços entre os setores e com os contra-ataques.
Assim como Garrincha ficou imortalizado como o Rei do Drible, Gerson é conhecido pelos longos e precisos passes. Os dois foram muito mais que isso.
Garrincha era muito veloz e extremamente eficiente no passe e no cruzamento. De vez em quando, ia para o meio e fazia gols, contrariando a lenda de que só driblava para a direita.
Gerson era ótimo marcador, pelo posicionamento em campo. Orientava toda a defesa. Ele, junto com Xavi e Cruyff, foram, entre os que vi atuar, os que mais entendiam a partida enquanto jogavam.
Existem muitas situações atuais, que não sei se são verdades, boatos, se vão se tornar lendas ou se vão passar com o tempo. Falam que Messi, mesmo com seu jeito tímido, de poucas palavras, não permitiu que Tevez fosse convocado para a seleção da Argentina na Copa do Mundo; que, no Barcelona, ele coloca e tira técnicos e que quis derrubar Luís Henrique. Parece tudo fantasioso.
O que pareceu nítido foi o descontentamento de Messi e de Neymar com as frequentes mudanças da equipe e a ausência dos dois na derrota para um time pequeno, o que pode decidir o título espanhol, no fim, a favor do Real Madrid. Neymar, ao ser substituído, foi explícito nas queixas, por seus gestos no banco de reservas.
Tenho ainda a impressão --não é boato-- de que Luís Henrique, por não escalar Neymar desde o início em alguns jogos e por substituí-lo com frequência nos momentos em que o jogo fica fácil e ótimo para ele dar seu show, considere Neymar apenas um pouco melhor que Pedro, que sempre entra em seu lugar.
Neymar é mil vezes melhor. Pedro é um bom jogador. Neymar é um grande craque, que tem jogado muito bem e que tem tudo para brilhar muito mais.