Pujança
Liga chinesa nunca investiu tanto em um jogador como agora com Ricardo Goulart, que deixou o Cruzeiro por R$ 45 milhões
Pela primeira vez na história, a China foi o país que mais gastou na contratação de jogadores da elite do futebol brasileiro.
Na janela de transferências da temporada 2014/2015, o país asiático desembolsou R$ 119 milhões com a compra de seis atletas de times da Série A do Brasileiro.
A janela de negociações para a China se encerrou nesta sexta-feira (27). Os prazos para transferências para outros mercados que costumam negociar com o Brasil, como Portugal e Itália, já tinham chegado ao fim.
O valor gasto pelos chineses no Brasil nesta janela foi um terço maior do que o desembolsado por clubes portugueses, R$ 79 milhões.
Os times de Portugal, contudo, levaram o dobro de jogadores de times da elite do Brasil. Foram 12.
Ou seja, a China levou menos atletas que Portugal, mas esses têm qualidade bastante superior aos "exportados" para o país europeu.
Os chineses bateram mercados que tradicionalmente procuram reforços no Brasil. Além de Portugal, superou Espanha, Alemanha e Itália.
Deixou para trás também a Ucrânia, país emergente no futebol que, na última década, foi o principal investidor no Brasil em quatro anos. Agora, porém, devido aos conflitos com os separatistas pró-Rússia, a Ucrânia reduziu os gastos com futebol.
A principal negociação chinesa foi a aquisição de Ricardo Goulart pelo Guangzhou Evergrande, que pagou R$ 45 milhões pelo ex-meia do Cruzeiro de 23 anos.
Trata-se do maior valor já pago por um clube chinês para um atleta do futebol.
O meia-atacante conquistou prestígio ao frequentar as listas de convocação do técnico Dunga para a seleção depois da Copa de 2014.
Além dele, deixou o Brasil para jogar com os chineses o centroavante titular da seleção, Diego Tardelli, 29, vendido pelo Atlético-MG para o Shandong Luneng, que é treinado pelo brasileiro Cuca, por R$ 21 milhões.
Outros dois centroavantes que se destacaram em 2014, o argentino Hernán Barcos e o boliviano Marcelo Moreno, saíram de clubes brasileiros rumo à China.
É preciso que se diga também que o mercado brasileiro anda em baixa nas ligas europeias de ponta. A principal negociação com esses países foi a venda de Lucas Silva pelo Cruzeiro para o Real Madrid por R$ 50 milhões.
CONGLOMERADOS
A liga chinesa, criada apenas em 2004, já ocupa a nona posição no ranking das que mais investem em contratações em todo o planeta.
A enxurrada de dinheiro vem principalmente de conglomerados como a gigante do comércio digital Alibaba (dona de 50% do Guangzhou Evergrande) e a maior estatal do setor elétrico do mundo, State Grid (proprietária do Shandong Luneng).
A ascensão dos gastos chineses com o futebol brasileiro impressiona. Na temporada 2010/2011, ficava em um distante 8º lugar como o país que mais pagou em aquisições de atletas da elite do Brasil, com R$ 15,4 milhões.