Justiça paulista torna réus 25 integrantes de organizadas
VIOLÊNCIA
Torcedores serão julgados por briga que provocou duas mortes
Catorze integrantes da Gaviões da Fiel se tornaram réus de processo pela morte de André Alves Lezo e Guilherme Vinícius Jovanell Moreira, integrantes da Mancha Alviverde. As vítimas foram espancadas em briga na avenida Inajar de Souza, zona norte da capital, em março de 2012.
Eles serão julgados por homicídio "mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe" e "por motivo fútil". Em caso de condenação, as penas vão de 12 a 30 anos de prisão.
Além disso, 11 integrantes da Mancha Alviverde serão julgados por associação com o fim específico de cometer crime (pena de quatro a oito anos de prisão), assim como os acusados da Gaviões.
"Há três [torcedores] que foram excluídos do processo por decisão do juiz. Nós vamos recorrer", diz a promotora Cláudia Ferreira Mac Dowell, que fez a denúncia.
O pedido foi acatado na terça-feira (17) pelo juiz Paulo de Abreu Lorenzino, da 2ª Vara do Júri de São Paulo.
EX-PRESIDENTES
Entre os réus, estão o atual presidente da Gaviões, Wagner de Souza (o "B.O."), o ex-presidente Antonio Alan Souza Silva ("Donizete") e o candidato favorito à presidência da entidade: Rodrigo de Azevedo Fonseca ("Diguinho").
Outro na lista é Alex Sandro Gomes ("Minduim"), hoje secretário parlamentar do deputado federal e ex-presidente do Corinthians Andrés Sanchez (PT-SP).
A Folha tentou fazer contato com Gomes, sem sucesso.
Fonseca também é réu na morte do palmeirense Diogo Lima Borges, acontecida no Tatuapé, zona leste, em 2005.
O advogado dos associados da Gaviões, Davi Gebara, afirma esperar uma citação oficial do processo.
"Eu e a Gaviões não temos conhecimento [da denúncia]. O prazo da decisão do juiz só conta depois que os torcedores forem intimados. Quando isso acontecer, vamos tomar providências", disse.
O presidente da Mancha, Marcos Ferreira e o advogado da torcida, Luiz Ferretti Júnior, afirmaram que a entidade não vai providenciar defesa coletiva dos indiciados.
"Expulsamos um dos envolvidos e suspendemos outros oito", disse Marcos Ferreira ("Marquinhos").
Embora acredite que o caso pode ser um marco para a punição de torcedores organizados, a promotora não sabe dizer quanto tempo irá levar até o julgamento.
"São 25 réus e cada um deles pode arrolar oito testemunhas. Existe a preocupação em não deixar o processo parado. Não vamos tratá-lo como um caso comum", assegurou Claudia. (ALEX SABINO, DIEGO IWATA LIMA E MARCEL RIZZO)