Escadinha, 39, pode se tornar o mais velho da seleção em Olimpíada
VÔLEI Fora do time nacional desde a prata em Londres-12, líbero do Sesi volta a ser chamado pelo técnico Bernardinho
A conversa com Bernardinho durou cerca de 40 minutos. O técnico da seleção deu os parabéns ao líbero do Sesi pela classificação à final da Superliga, há duas semanas, e então fez a convocação.
"Ele disse que estava precisando contar comigo de novo", diz Sérgio Escadinha.
Dois anos e nove meses depois de se despedir com mais uma prata olímpica, em Londres, era hora de o melhor líbero do mundo retornar.
"Eu queria que eles não precisassem mais de mim. Mas sempre fiquei à disposição. Estou feliz porque não estou lá pelo meu nome, mas pelo meu trabalho", disse o atleta em entrevista à Folha.
O líbero vice-campeão da Superliga com o Sesi, neste domingo (12), está na lista de 25 jogadores chamados para defender o Brasil na Liga Mundial (de maio a julho) e no Pan de Toronto (julho).
Segundo Bernardinho, a pouco mais de um ano dos Jogos Olímpicos do Rio, não é hora para testes. Assim, a liderança e a experiência de Escadinha serão fundamentais na busca do terceiro ouro.
"É um passo de cada vez. Agora é Liga Mundial. Vou treinar e me dedicar como qualquer atleta. Para a Olimpíada ele vai levar os melhores", pondera Escadinha, apelido que ganhou na periferia de São Paulo, em referência ao traficante carioca famoso nos anos 1980 e 90.
RECORDE
Na Rio-2016, Escadinha terá 40 anos e pode ser o atleta mais velho a jogar pela seleção de vôlei em uma Olimpíada. Antes dele, Maurício foi bicampeão olímpico, em 2004, com 36 anos. Giba tinha 35, em 2012. William (1988), Amauri (1992) e Giovani (2004) disputaram seus últimos Jogos aos 33.
"Não penso na idade. Penso em descansar e ir à minha quarta final olímpica. E, aí sim, fazer história", afirma.
Além das grandes defesas e dos passes perfeitos, a vibração e o bom humor sempre foram marcas do líbero.
"Podem me chamar de Escadinha, de Escada, de Serginho. Muitos na seleção me chamam de presidente, me pedem conselho. Só vou ficar bravo se alguém me chamar de velho", afirma, rindo.
Outra tradição que não quer alterar nesse retorno é a camisa que costuma usar.
"A 10 é minha. Já avisei o Lucarelli [atual camisa 10]. A homenagem ao craque Neto [ex-jogador do Corinthians] --Escadinha é corinthiano fanático-- será mantida."
Além da camisa, Escadinha pretende manter na seleção a mesma garra que sempre apresentou em quadra.
"Não mudei nada na minha vida [desde 2012]. Tive um probleminha nas costas que já não me atrapalha mais. Continuo movido a arroz e feijão. E dormindo bastante."
"Mas tenho que pensar nos líberos que vêm depois de 2016. Não posso jogar o resto da vida. Não posso só pensar em mim, mas na seleção."