Dólar alto leva natação do país a cortar idas aos EUA
Treinos fora do Brasil serviriam de preparação para Mundial e Olimpíada
A alta do dólar, associada à crise econômica no país, obrigou a natação brasileira a rever seu planejamento internacional para este ano.
De início, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) planejava fazer diversos treinamentos no exterior, sobretudo nos EUA.
A entidade enviaria atletas às cinco etapas do circuito norte-americano neste primeiro semestre. Os valores que seriam destinados às viagens não foram informados.
Nas mesmas incursões, planejava reunir atletas para o revezamento 4 x 100 m livre (considerado com potencial de pódio nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016) para atividades específicas.
Entre os nadadores que formariam essa equipe, estariam o recordista mundial da prova, Cesar Cielo, o recordista mundial júnior, Matheus Santana, e atletas baseados nos EUA, como Bruno Fratus.
As ações serviriam para incrementar a preparação para o Pan de Toronto, no mês de julho, e o Mundial de Kazan, na Rússia, em agosto.
Nesta sexta (17), houve o anúncio dos convocados para os dois eventos. À exceção de Cielo, que abdicou do Pan, o Brasil irá com força máxima às duas competições.
Em Kazan, por exemplo, os 12 melhores revezamentos já podem garantir vaga nos Jogos de 2016 --a CBDA quer assegurar, sobretudo, vaga nos 4 x 100 m livre masculino.
Os treinamentos nos EUA também seriam relevantes, na avaliação da entidade, para manter movimento de ascensão da natação brasileira.
No Mundial de Barcelona-2013, o país obteve dez medalhas --nas piscinas e na maratona aquática. No Mundial em piscina curta (25 m) de Doha, em dezembro passado, foi ao pódio dez vezes e liderou o quadro geral.
"É ruim [o corte das viagens], mas nós podemos trazer os atletas brasileiros que treinam nos EUA para virem aqui", afirma o coordenador técnico, Ricardo de Moura.
"Ninguém esperava tanta subida do dólar", diz.
Nesta sexta (17), a moeda fechou cotada a R$ 3,04.
Alberto Pinto, técnico-chefe da seleção masculina, que responde a Moura, é um pouco mais otimista. Ele não crê que o cancelamento da série de treinamentos no exterior vá atrapalhar a preparação.
Ambos ainda negociam ao menos uma incursão aos EUA: levar as seleções à etapa de Charlotte, entre 14 e 17 de maio, e depois para treinos na Universidade de Auburn.
A CBDA deve receber R$ 3,9 milhões da Lei Piva em 2015 e também tem patrocínio dos Correios e do Bradesco.