PF abre 13 inquéritos sobre a CBF e não conclui nenhum
Corrupção no futebol Entidade pagou viagens e 'peladas' de policiais federais
Em 15 anos, a Polícia Federal, no Rio de Janeiro, abriu 13 inquéritos para investigar fatos envolvendo a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e o seu ex-presidente Ricardo Teixeira. Nenhum deles teve resultado até hoje.
Nesse período, a CBF patrocinou congressos, viagens e até cedeu a Granja Comary, centro de treinamento da seleção brasileira, para um torneio de futebol de delegados.
Nesta quinta (28), um novo inquérito foi aberto para investigar lavagem de dinheiro e crime contra o sistema financeiro dos dirigentes da CBF e empresários de futebol.
A PF informou que "nenhum inquérito está parado" (leia texto nesta página).
Entre 2001 e 2003, 13 investigações foram iniciadas na Superintendência da Polícia Federal no Rio tendo como alvo Teixeira ou a CBF. Todos eles foram instaurados para investigar crimes financeiros. Em nenhum deles, o mandatário da CBF foi indiciado.
A lista com o número dos inquéritos foi encontrada, em 2006, numa busca da própria PF, na sala do delegado Roberto Prel, então, número 2, da instituição no Rio.
Prel não foi encontrado para falar sobre a lista. À polícia disse na ocasião que a medida foi para cobrar providências de seus subordinados.
Em 2004, um novo inquérito foi aberto na PF contra Ricardo Teixeira, além das CPIs da CBF e da Nike já terem ocorrido no Congresso.
'PELADA' DE POLICIAIS
A relação da CBF com integrantes da PF se intensificou a partir de 2009. Ricardo Teixeira liberou R$ 300 mil para que a Associação de Delegados da Polícia Federal realizasse o 4º Congresso Nacional, em Fortaleza (CE). Foram quatro dias de evento.
Teixeira foi um dos palestrantes na ocasião, onde falou sobre a Copa do Mundo de 2014, no Brasil.
Meses depois, em 2010, a ADPF (Associação de Delegados da PF) realizou uma "pelada" de futebol na Granja Comary, local utilizado pela seleção brasileira como centro de treinamento.
Por três dias, a associação, que chamou o local de um dos "templos do futebol brasileiro", reuniu delegados, peritos e policiais civis do Distrito Federal.
A ADPF não respondeu à reportagem se o caso configura algum tipo de conflito.
MENSALÃO
O torneio entre policiais ocorreu meses depois de a PF deflagrar, em novembro de 2009, a operação Caixa de Pandora, em que descobriu o pagamento de um mensalão do DEM, em Brasília, durante o governo de José Roberto Arruda. Entre os envolvidos no caso estava Fábio Simão, apontado pela polícia como um dos principais operadores do esquema.
Ele foi presidente regional da CBF e presidente da federação brasiliense de futebol. No processo, Simão nega todas as acusações.
Também em 2010, a CBF patrocinou a ida de um coral de delegados aposentados da PF à Argentina para a realização de shows. O valor do apoio cultural não foi divulgado pela confederação.
O código de ética do servidor público federal aponta que "a função pública deve ser tida como exercício profissional e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor público".