Foco
Em filme ruim sobre Fifa, Blatter aparece como 'homem bom para achar dinheiro'
Se alguém ainda precisa de prova da arrogância e vaidade da Fifa, basta assistir a "United Passions" (em tradução literal, "Paixões Unidas"), o filme que ela produziu ao custo de R$ 77 milhões para fazer apologia de si.
Dirigido pelo francês Frédéric Auburtin, o filme, que estreia nesta semana nos EUA e ainda não tem data de lançamento no Brasil, conta com Gérard Depardieu no papel de Jules Rimet, Sam Neill ("Parque dos Dinossauros") interpretando João Havelange e Tim Roth ("Pulp Fiction") como Blatter.
Apesar do elenco, o resultado é um dramalhão insosso que, com as recentes prisões e acusações de corrupção, adquire ares de comédia.
Uma das primeiras cenas já mostra a empáfia dos fundadores da Fifa: em 21 de maio de 1904, eles se reúnem e celebram a fundação da entidade: "A partir de hoje, vamos decidir as regras do futebol em todo o mundo!".
Logo entra em cena Rimet (Depardieu), "inventor" da Copa do Mundo. Em cena emblemática do modus operandi da Fifa, ele combina com um multimilionário uruguaio a realização da primeira Copa, em 1930: "A Fifa é pobre", diz Rimet. "Você pode garantir para nós um percentual sobre cada ingresso vendido?".
A coisa degringola com a chegada de Havelange e Blatter, que passam o filme atrás de grana. Em reunião, Blatter soca a mesa: "Nossas finanças são um desastre! Liguem pra Brejnev, Fidel ou Mao, não importa, mas preciso de resultados!". Havelange se refere a Blatter como "homem bom para achar dinheiro".
O Brasil aparece diversas vezes. O Maracanã, na final da Copa de 1950, ostenta anúncios de "cervesa" e "biscuito". E um encontro entre Havelange e Blatter é premonitório: "Sepp, meu amigo, você será presidente da Fifa, mas ouça o que digo: o menor erro de sua parte, e você está fora!". É ver para crer.
PAIXÕES UNIDAS
DIRETOR Frédéric Auburtin
ELENCO Gérard Depardieu, Tim Roth e Sam Neill
PRODUÇÃO França, 2014
AVALIAÇÃO péssimo