Um mês após prisão de cartolas, efeitos ainda são duvidosos
CORRUPÇÃO NO FUTEBOL Mesmo renúncia de Blatter à presidência da Fifa se tornou incerta
Um mês depois da eclosão do maior escândalo de corrupção da história do futebol mundial, seus efeitos ainda parecem bastante nebulosos.
Desde que sete cartolas ligados à Fifa, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin foram presos na Suíça, no dia 27 de maio, acusados de terem recebido propinas em contratos de marketing, muita coisa aconteceu, mas quase nada se solidificou.
Nem o histórico anúncio do presidente Joseph Blatter de que não cumpriria seu quinto mandato na Fifa, para o qual havia sido eleito apenas quatro dias antes, é tão certo quanto parecia.
Nesta sexta (26), o mandatário afirmou ao jornal suíço "Blick" que não renunciou à presidência, apenas colocou seu cargo à disposição do congresso da entidade, que se reunirá extraordinariamente até fevereiro de 2016 para decidir, em eleição, o futuro do comando do órgão.
O secretário-geral Jérôme Valcke também continua batendo ponto na Fifa apesar de ter sido acusado de ter autorizado transferência de US$ 10 milhões (R$ 35 milhões) originalmente destinados à África do Sul para a conta da Concacaf. Esse dinheiro teria sido usado na compra de votos para sede da Copa-2010.
Ambos têm evitado as viagens. Na mira da Justiça dos EUA, preferiram ficar na Suíça a ir para o Mundial sub-20 (Nova Zelândia) ou ao Mundial feminino, no Canadá.
O mesmo ocorre com dirigentes da América do Sul, como o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, que não foi ao Chile acompanhar a seleção durante a Copa América.
Integrante do Comitê Executivo da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), ele recusou a passagem e o hotel de luxo reservado em Santiago. Nos bastidores, também se omitiu e nem comentou nem recorreu contra a suspensão que tirou Neymar da Copa América.
A posição defensiva do cartola contrasta com a de seus antecessores. Marin gostava de ir até ao vestiário do time. Na última Copa América, Ricardo Teixeira ficou em Buenos Aires todo o torneio.
Del Nero também tentou se desvincular de Marin e até retirou o nome do ex-parceiro da fachada do prédio que abriga a sede da entidade.