'Cheguei quase morta', diz Yane após pressão e medalha de ouro
Sob perseguição de rival, atelta brasileira desaba após vencer no pentatlo
"Só cheguei. Cheguei quase morta, mas realizada".
A descrição de Yane Marques sobre seus últimos passos antes de cruzar a linha de chegada e desabar na pista de grama em Toronto mostra a dramaticidade da conquista do ouro após cerca de sete horas de disputa neste sábado, no pentatlo moderno.
A pernambucana de 31 anos começou o dia vencendo as provas de natação e esgrima. Depois, ficou em décimo no hipismo, mas com pontos suficientes para largar 36 segundos à frente da mexicana Tamara Vega na prova combinada (onde correm 3,2 km e param para dar cinco tiros quatro vezes).
Vega –bronze em Guadalajara-2011, quando Yane foi prata– recuperou-se na corrida e quase alcançou a brasileira na reta final, terminando a prova apenas um segundo atrás. O bronze foi para outra mexicana, Mayan Oliver.
Após a chegada, Yane precisou ser levantada pela equipe de apoio do evento e amparada pelos médicos.
Campeã no Pan do Rio-2007, bronze nos Jogos Olímpicos de Londres-2012, prata no Mundial em 2013, a filha mais famosa de Afogados da Ingazeira já tinha confirmado sua vaga nominal na Olimpíada do Rio há duas semanas, quando ganhou o bronze no Campeonato Mundial.
O Pan também garantia vagas para as cinco melhores. Já classificada para 2016, Yane disse que competiu "com pressão e obrigação a menos" no calor de 29ºC em Toronto.
"Com essa classificação precoce, posso treinar para melhorar minha corrida até a Olimpíada", analisa.
Sargento do Exército desde 2009 em contrato de oito anos, Yane prestou continência no pódio durante o Hino Nacional, assim como seus técnicos. O pentatlo é um esporte originário das Forças Armadas, tanto que a próxima grande competição dela será o Mundial Militar, em outubro, na Coreia do Sul.
Yane não fez boas provas em 2014 e começou mal 2015, mas o bronze no Mundial e o ouro no Pan a recolocam na lista de favoritas ao pódio nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.