Pan 2015
Com Magnano e sem jogadores da NBA, Brasil leva ouro no Canadá
BASQUETE Time masculino vence os donos da casa em Toronto e se redime de fracasso em 2011
Rubén Magnano entrou no vestiário para o festejo e recebeu um balde de água fria.
Não se tratou de anticlímax algum, mas de fato. Os jogadores da seleção brasileira masculina de basquete despejaram um galão de água e gelo sobre o treinador.
Nada mais justo, pois o argentino foi o personagem da campanha que resultou na medalha de ouro no Pan de Toronto, neste sábado (25), com uma vitória brasileira por 86 a 71 sobre os donos da casa, no ginásio da Universidade de Ryerson.
"Queríamos muito ganhar este título para ele, porque ele merece demais", afirmou o armador Larry Taylor.
Magnano, 60, está há mais de cinco anos no comando da equipe nacional masculina. No meio tempo, conduziu o time de volta aos Jogos Olímpicos após hiato de 16 anos.
O país ficou em quinto lugar em Londres-2012 e em sexto no Mundial da Espanha, em 2014. Faltava a taça.
Neste sábado, ela saiu. Foi o primeiro título internacional do técnico com o Brasil.
"Todos o abraçaram no vestiário. Ele estava de costas e se surpreendeu, quase caiu", complementou Taylor.
O técnico recebeu até mesmo medalha de campeão do Pan, destinada apenas para os jogadores. Ele ganhou dos dos comandados a láurea que caberia a Raulzinho, dispensado depois de acertar com o Utah Jazz, da NBA.
O grupo brasileiro convocado para o Pan de Toronto não teve nenhum jogador que atua na NBA ""Leandrinho, Nenê, Tiago Splitter ou Anderson Varejão, entre outros.
Sem força máxima, a alternativa foi convocar atletas da liga nacional e outros que atuam na Europa. A seleção masculina precisava se redimir do fracasso no Pan passado, em Guadalajara-2011, quando caiu ainda na primeira fase da competição.
Para Magnano, a solução foi treinar. Os convocados se "internaram" durante quase 50 dias para treinos e convívio em São Paulo.
"A preparação dura unia a gente. Ficamos irmãos", diz Rafael Hettsheimeir.
No fim, a equipe venceu todos os cinco jogos que realizou em Toronto. Foi o quinto ouro do basquete masculino na história do Pan.
No centro disso tudo estava o argentino. "Ele mudou a cara da seleção", concluiu o ala-pivô.
Emocionado, o argentino afirmou que o ouro é "especial" para sua carreira. Campeão olímpico em Atenas-2004 pela Argentina, ele contou que "sabia que faria parte do basquete do Brasil".
Apesar de contente, criticou a estrutura atual e disse que muita coisa tem que mudar no basquete nacional.
"Precisamos aumentar a quantidade de técnicos e clubes. A estrutura precisa aparecer mais para fazer relação com os resultados", afirmou o treinador argentino.