Ciranda do Livro
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Brinquedos com números
Há alguns meses morreu Manoel de Barros, um poeta que dizia que fazer poesia era criar brinquedos com palavras. É isso o que Millôr Fernandes faz em "Poesia Matemática".
A história é de um quociente que se apaixona doidamente por uma incógnita, personagens comuns em equações matemáticas, mas que, na imaginação de Millôr, ganham vida.
Os dois se casam, têm filhos e chegam a viver um triângulo amoroso com o Máximo Divisor Comum, em uma jornada que passa por romboides, retângulos, infinito e hipotenusa.
Não é um livro comum. É cheio dessas palavras estranhas. Mas quem mergulhar na leitura pode se encantar pela mistura da complexidade das palavras com a simplicidade da história.
Para outros, as palavras podem ser difíceis. Nesse caso, o melhor é brincar com elas, romper "convenções newtonianas e pitagóricas" sem se escandalizar com "ortodoxos das fórmulas euclidianas e os exegetas do Universo Finito".
E quem chegar ao final terá uma surpresa. A história foi escrita há muito tempo, quando as famílias eram um pouco diferentes, nem sempre apenas um pai, uma mãe e os filhos.
Não vou contar mais para não estragar. Previno: não é um livro para todos. Mas quem gostar dele pode ter uma revelação.