Surfe sem água
Alunos fazem prancha de stand-up paddle com garrafas PET e surfam no pátio nas aulas de educação física
De joelhos, meninos e meninas remam de um lado e depois do outro em uma tarde de sol.
A cena poderia ser vista na praia. Mas todas as crianças estão sequinhas, vestidas e de tênis.
Assim começa uma aula de educação física na escola estadual Professor Raul Antônio Fragoso, em Pirituba, São Paulo. Os alunos treinam stand-up paddle (pranchão de surfe com remo) em versão adaptada.
O mar é substituído pelo chão do pátio; o remo, por um cabo de vassoura; e as pranchas são feitas pelas próprias crianças com garrafas PET e rodinhas embaixo.
Antes da parte "prática", eles treinam em cima de pedaços de papelão. Ideia do professor Thiago Zagare, 33. "Sabia que ia ser difícil levá-los para a água. Por isso, uma das rodas é maior do que as outras [são cinco no total], o que causa instabilidade. É como se estivessem no mar."
E não é fácil ficar em cima do pranchão: "Consegui me equilibrar de primeira, mas fiquei tremendo", conta Pedro Vinicius Farias da Silva, 10.
Na escola, as aulas de educação física não ficam só no futebol, vôlei e basquete. Durante o ano, alunos aprendem a andar de skate e praticam arborismo, slackline (caminhar e fazer manobras sobre uma fita suspensa) e rapel.
"As aulas são legais porque saímos da rotina", diz Bianca Jacob Ferrazzi, 11.
Juliana de Brito Alves, 11, gostou tanto da ideia que está construindo uma prancha em casa. "Estou fazendo com o meu irmão. Como somos em dois, um puxa e o outro vai em cima da prancha." Assim como acontece nas aulas.
Para Luana Montenegro Santos, 10, no entanto, falta algo para o esporte ficar mais legal. "Seria muito divertido se fizéssemos uma aula no mar", opina.