Emma Cline é fenômeno fora do padrão
Pelas mãos do agente Bill Clegg, a californiana Emma Cline, 25, passou em poucos meses de um jovem talento publicado por revistas literárias a estrela de leilões milionários entre editoras internacionais, e com os direitos de seu inédito livro de estreia adquiridos por Scott Rudin, produtor de "A Rede Social".
Seu romance "The Girls", ainda em andamento e sem data de publicação definida, é o primeiro de três livros comprados pela Random House por "US$ 2 milhões e uns trocados", segundo o site Vulture, e, no Brasil, pela Intrínseca, por valor não divulgado. Compõem o pacote um livro de contos e outro romance, ainda não escrito.
Cline difere em tudo de outros protagonistas de leilões milionários do mercado editorial nos últimos anos, como a britânica E.L. James, de "Cinquenta Tons de Cinza".
Em vez de recorrer a sites de autopublicação, fez mestrado em escrita criativa na Columbia University, empregou-se na "New Yorker" e teve textos publicados em sites e revistas como "Salon" e "The Paris Review".
Não tem blog nem perfil no Twitter e faz contos literários, e não para o público de massa. Seus textos disponíveis na internet mostram um estilo maduro e provocativo.
"Não me tornei uma atriz, embora tenha participado de várias audições para papeis de vítimas de estupro. Tudo se tratava do dinheiro cristão em filmes, meu agente explicou. Cristãos adoram um bom estupro, a oportunidade subsequente de redenção", escreveu em março deste ano na "Paris Review".
No ensaio, abordava sua obsessão pelas meninas que participaram dos crimes cometidos pelo grupo de Charles Manson, nos fim dos anos 1960, nos Estados Unidos.
Outro texto na revista, "Marion", narrado por uma menina de 11 anos e também com referências a Manson, lhe rendeu um prêmio para novos talentos na ficção.
"The Girls" se refere a Manson e suas meninas, sem no entanto tratar especificamente do caso. A trama é narrada por uma mulher que relembra a adolescência numa comunidade hippie.