Ópera 'Pagliacci' é transportada aos anos 80 em nova montagem
Produção faz dobradinha com 'Cavalleria Rusticana' no Municipal
"Cavalleria Rusticana" e "Pagliacci" fazem uma dobradinha famosa no mundo da ópera. Ambas são veristas --tratam da vida cotidiana em histórias recheadas de violência. Ambas serão exibidas em oito récitas a partir deste sábado (18), no Theatro Municipal de São Paulo.
"Cavalleria", do italiano Pietro Mascagni (1863-1945), que fala de uma traição amorosa, já havia sido exibida no ano passado, junto com "Jupyra", do brasileiro Francisco Braga (1868-1945). Volta, portanto, a mesma montagem.
A grande novidade fica por conta de "Pagliacci", de Ruggero Leoncavallo (1857-1919), agora ambientada no final do século 20, e que "poderia se passar na periferia de qualquer cidade grande", como explica o diretor cênico William Pereira. "Me incomoda essa visão de que ópera é um mundo à parte", diz.
Na encenação, um telão será usado com imagens ao vivo dos cantores. Na cena em que os personagens vão à igreja, serão exibidas imagens de um pastor que olha todo mundo, numa referência ao Big Brother que vigia a sociedade na distopia "1984", de George Orwell.
Como "Pagliacci" será exibido após "Cavalleria", o cenário terá de ser montado em meia hora --tempo do intervalo. Para isso, seis placas de madeira, que pesam uma tonelada no total, vão "revestir" o cenário anterior. Outras duas placas farão a frente e o fundo da cenografia.
As duas montagens levarão ao palco cerca de 200 pessoas, entre atores, Orquestra Sinfônica Municipal, Coral Lírico e Coral Infantil.
O maestro Ira Levin, que regerá a OSM, lembra que "Pagliacci' tem uma das árias mais famosas já escritas", além de um prólogo famoso. "Um dos nossos desafios é tentar entender a genialidade de cada obra e não fazer uma interpretação sentimental demais."