Autores recorrem a palíndromos e volta do formato cartilha
Jogos com as palavras servem de recurso para auxiliar a alfabetização em lançamentos para o público infantil
Colaboradores incluem autores como Gregorio Duvivier, Laerte, Marina Wisnik, Chico Mattoso e Paulo Werneck
Artistas têm criado modos diferentes de jogar com as palavras para ajudar no aprendizado do pequeno público.
O livro "Socorram-me em Marrocos" é uma seleção de 12 palíndromos, além do título, feitos pelos autores Gregorio Duvivier, Marina Wisnik, Sofia Mariutti, Chico Mattoso, Paulo Werneck e Laerte, colhidos e ilustrados pelo artista gráfico Andrés Sandoval.
Como bem explica Noemi Jaffe no posfácio da obra, palíndromo significa "correr de volta", um verso que pode ser lido tanto da esquerda para a direita quanto ao contrário. "É possível até imaginar as palavras, num palíndromo, correndo de volta para dizerem exatamente a mesma coisa, só que ao contrário".
Ela afirmou à Folha que as crianças que têm contato com a literatura são mais preparadas para interpretar o mundo e respeitar o outro.
Laerte, que contribui com o verso "Rir, o breve verbo rir", afirmou que esta figura de linguagem manifesta o poder mágico da forma e parece não ter autoria. "São encontráveis, como se já estivessem prontos em alguma camada profunda da língua", explicou.
Para ele, os desenhos de Sandoval que ilustram o livro, sim, trazem um DNA limpinho, e sem hesitar criou um palíndromo em segundos durante a entrevista: "Lavo DNAs, Sandoval".
Para a arte do livro, Sandoval utilizou lápis dermatográfico para aparentar giz de cera, caneta fluorescente e pintou o verso das folhas com tinta para que ela vazasse para o outro lado.
CARTILHA
Já o artista Nazareno criou "ABC Um Guia Prático para Crianças de Todas as Idades" em formato de cartilha infantil, com uma página para cada letra do alfabeto.
O obra será distribuída ao público no próximo dia 1º de novembro, na Galeria Emma Thomas, em São Paulo.
Ele contou à Folha que sempre realizou esse tipo de trabalho para filhos de amigos quando eles começavam o processo de alfabetização, e que recebeu a proposta para editar a cartilha quando uma de suas obras deste tipo estava em exposição no Rio.
Nazareno destacou que as cartilhas foram utilizadas por diversas gerações e continuam atuais. "Elas têm uma carga simbólica neste momento de descobrir a leitura, quando tudo ficar maior."