Análise
Menos careta que Emmy, seleção exibe renovação da comédia na TV
Menos careta que o Emmy, o Globo de Ouro sacudiu a categoria de melhor série de comédia neste ano, ao reunir três novidades transgressoras e duas produções consagradas nada tradicionais.
A temporada foi fraca para comédias, sim, mas fazia tempo que o gênero não passava por tamanha renovação, com as repetitivas "The Big Bang Theory" e "Modern Family" finalmente postas de lado.
"Transparent" conta os desajustes de uma família cujo pai (Jeffrey Tambor) se assume transgênero. A ousadia não é só no tema: trata-se de produção da gigante on-line Amazon filmada só após ser aprovada em votação no site.
A ácida e despretensiosa "Silicon Valley", com sua trupe de nerds que monta uma start-up, é o que há de mais engraçado na TV, e "Jane, the Virgin" é uma bem-vinda subversão das "telenovelas".
A boa "Orange is the New Black" e "Girls" (ambas sobre meninas bem nascidas e mal-ajustadas) tampouco pecam por falta de audácia.
No drama, a surpresa é a excelente "The Affair", indicada ainda a melhor atriz e a melhor ator (Ruth Wilson e Dominic West, ela melhor que ele). A série inova no arco narrativo com idas e vindas ao abordar um tema surrado, um caso extraconjugal.
(As demais contempladas são ótimas, mas estiveram na lista em outras temporadas.)
Briga de foice haverá entre as minisséries: "Olive Kitteridge", "Fargo" e "True Detective" são coisa fina, atrações obrigatórias em qualquer lista de melhores produtos culturais do ano.