Crítica - Filme na TV
Diretor tailandês surpreende em produção pós-humanista
Quase todo o cinema contemporâneo tira sua originalidade do diálogo com as gerações passadas. De Palma retrabalha e reorganiza formas clássicas; Godard se nutre de todo o passado (que contesta) etc. etc.
Mas o que dizer de Apichatpong Weerasethakul? E de seu "Tio Boonmee, que Pode Recordar Suas Vidas Passadas" ("Loong Boonmee Raleuk Chat", TC Cult, 17h35, livre)? O cineasta tailandês é surpreendente em tudo, nesta história em que Tio Boonmee, preparando-se para morrer, recebe a vida da finada mulher.
E depois há o filho, que há muito perdera, que retorna na condição de estranho macaco: a natureza, o homem, o passado, o presente, o vivo, o morto --tudo parece se encontrar neste filme que Nelson Aguilar definiu como pós-humanista, pois retira o homem do centro do universo.