Crítica pop
Madonna faz suas melhores músicas dos últimos anos
Cantora recupera toque de Midas no 13º disco de inéditas, 'Rebel Heart'
"Pode parecer que sou uma vadia sem remorso, mas às vezes você precisa dizer qual é a real." Sem sutilezas, Madonna, 56, manda seu recado no inusitado reggae "Unapologetic Bitch", uma das faixas de seu 13º disco de inéditas, "Rebel Heart". A fúria faz sentido.
O álbum tinha lançamento previsto para março de 2015, mas teve sua estreia parcialmente antecipada após 13 faixas inacabadas terem vazado na internet na última semana.
Revoltada, a cantora falou em "estupro artístico" e contra-atacou no sábado (20), colocando seis faixas do disco em pré-venda no iTunes.
O material promete. O primeiro single, "Living for Love", tem participação de Alicia Keys ao piano e batidas house à la Disclosure, o duo que revigorou a música eletrônica neste ano. O coral gospel que impulsiona o refrão lembra "Like a Prayer", seu hit profano de 1989.
O produtor Diplo, cabeça do duo Major Lazer, é responsável pelas faixas mais ousadas. "Bitch, I'm Madonna", apesar da letra imatura, tem um batidão insano para rachar a pista e participação da rapper Nicki Minaj reconhecendo o legado que herdou da rainha pop.
"Illuminati" atualiza o rap de "Vogue" e debocha da suposta sociedade secreta. "Não é Jay-Z nem Beyoncé, não é Gucci nem Prada... E muito menos Gaga!" Touché! "Ghosttown" desacelera e mostra que ela ainda tem voz para segurar uma balada épica aos moldes de "Live to Tell", clássico dos anos 1980.
Madonna continua desafiando convenções culturais e sociais e, pela prévia, o disco reúne suas melhores canções em anos. A popstar parece ter recuperado seu toque de Midas ao formatar as últimas tendências musicais para sua máquina pop.