Crítica - Filme na TV
A arte da escuta de Coutinho descobre pessoas incomuns
Escutar é uma arte importante. Escutar é descobrir o outro e, em certos casos, ao mesmo tempo descobrir-se.
A escuta foi, essencialmente, a arte de Eduardo Coutinho (1933-2014), o autor de "Edifício Master" (2002, TV Brasil, 0h). Ao contrário do psicanalista, que cobra para ouvir, Coutinho paga a seus entrevistados. Nos dois casos, diga-se, existe um negócio às claras.
O pagamento é um sinal de honestidade, mas central mesmo é a honestidade intelectual, o sincero desejo de conhecer as pessoas. À arte da escuta, portanto, junta-se a arte de bem indagar.
O resultado é o perfil de uma série de habitantes de um grande edifício no Rio: pessoas comuns, se vistas de fora. Incomuns, únicas, quando reveladas por Coutinho: mais ou menos como qualquer um de nós.