Crítica - Cinema/suspense
Diretor tenta ser Hitchcock, mas desinteressa espectadores
Um belo par de atores, Colin Firth e Nicole Kidman, protagoniza "Antes de Dormir", suspense baseado em romance de S.J. Watson e segundo longa para cinema do diretor inglês Rowan Joffe (filho do diretor Roland Joffé, de "A Missão").
O motor do filme é a manipulação, que acontece em diversas camadas. Primeiramente, existe a manipulação dos personagens, envoltos em um acidente que provoca a perda de memória de Christine (Kidman). Quando ela dorme, apagam-se todos os acontecimentos de sua vida nos últimos 20 anos.
Ou seja, ela se esquece de que é casada com um homem chamado Ben, atencioso, paciente com a condição do casal, de eterno recomeço.
MANIPULAÇÃO
Onde entra a manipulação? No modo como os personagens sonegam informações importantes e decisivas um do outro. Veremos onde esse jogo de esconde-esconde vai dar, mas o importante é que a manipulação também é do diretor.
Hitchcock assumia que parte de sua estratégia estava na manipulação da plateia, que ia para onde ele queria que fosse.
Rowan Joffe bem que tenta, mas não é Hitchcock. Na cadeia de manipulações que arregimenta, quem pode ficar desinteressado depois de um tempo é justamente o espectador, tamanha a arbitrariedade com que é levado de um lado para outro.
Não que o filme seja desprovido de interesse. Com um elenco desses, nem teria como (ainda que Firth esteja desperdiçado).
Mas sente-se que ficou algo no meio do caminho. Algo que faz de "Como Se Fosse a Primeira Vez", comédia de Peter Segal, protagonizada por Adam Sandler e Drew Barrymore, com tema parecido, muito mais interessante.
Em "Antes de Dormir", pelo contrário, muitas vezes nos sentimos como se estivéssemos diante de um jogo que não podemos jogar.