Grupo evoca Banksy e Sarah Kane em dança na USP
Inspirados em dramaturga e grafiteiro e na psicanálise, Perversos Polimorfos se apresentam no Paço das Artes
O grafiteiro e ativista Bansky, a dramaturga Sarah Kane (1971-1999), e o pai da psicanálise, Sigmund Freud (1856-1939), ocupam, até dia 8/2, o Paço da Artes, na Cidade Universitária de São Paulo.
Eles estão em espírito nos corpos dos bailarinos da companhia Perversos Polimorfos, que faz um "intensivão" de espetáculos de terça a domingo no subsolo do museu e centro cultural da USP.
Três obras da repertório da companhia são apresentadas alternadamente: "Movimento para um Homem Só", "Imagem Nua e Outros Contos" e "Ânsia".
"Movimento..." aprofunda a pesquisa de Ricardo Gali, diretor da Perversos Polimorfos, sobre os grafites e as intervenções de Bansky. Interpretada por Jerônimo Bittencourt e Lucas Delfino, a coreografia brinca com os trabalhos em estêncil espalhados em muros e ruas mundo afora pelo artista britânico de rosto desconhecido.
A brincadeira é também com a tensão entre solidão e cumplicidade que Gali vê nos grafiteiros.
"Bansky teria dito que a necessidade de anonimato fez com que se tornasse um artista cada vez mais sozinho. Mas os grafiteiros precisam se ajudar uns aos outros, porque fazem algo ilegal. Tem muita disputa, mas também muita 'brodagem'."
Já em "Imagem Nua", sete bailarinos interpretam a visão psicanalítca dos contos de fada --no caso, o impacto destes no corpo da criança. A dança se desenvolve como em um jogo infantil, que tem sempre as mesmas regras mas nunca é o mesmo para cada um.
"Ânsia" também fala de individualidade e solidão --temas tratados nas peças da britânica Sarah Kane, que se suicidou aos 28 anos.
"Sarah disse que pensava o texto como uma partitura e usei isso na coreografia: pensei na musicalidade do corpo e como os movimentos reverberam nas pessoas da plateia", diz Gali, que usou as músicas minimalistas do compositor estoniano Arvo Part e do russo Shostakovich (1906-1975) na trilha sonora do espetáculo.