Crítica - Música Erudita
Osesp mantém coesão ao gravar Villa-Lobos e Prokofiev
Dois projetos fonográficos previstos para um total de seis CDs cada marcam a produção fonográfica recente da Osesp: as gravações para o selo Naxos de todas as sinfonias de Villa-Lobos (1887-1959) e de Prokofiev (1891-1953).
Regidas por Isaac Karabtchevsky (Villa-Lobos) e pela titular Marin Alsop (Prokofiev), as séries chegam agora à metade com o lançamento de mais dois CDs, contendo a "Sinfonia nº10" do brasileiro e as duas primeiras do russo.
A ferocidade da "Segunda" de Prokofiev coloca a gravação da orquestra paulista entre as melhores dos últimos tempos.
Alsop arredonda as arestas sem perder brilho, tem visão estrutural e é corajosa nos andamentos.
MEMORÁVEL
Com memorável performance do Coro da Osesp, do barítono Leonardo Neiva e do baixo Saulo Javan, a versão da "Décima" de Villa-Lobos inclui, no encarte, todos os textos cantados em português, tupi e latim.
A voz em tupi que interrompe o discurso instrumental ao final do segundo movimento reverbera a entrada inicial do barítono na "Nona" de Ludwig van Beethoven (1770-1827).
O que segue, porém, entoado pelo coro, é o "Poema à virgem" de José de Anchieta (1534-97).
"O pai eterno", no quarto movimento (faixa 4 aos 16m45), é um dos momentos mais pungentes de toda a música de Villa, assim como "Veni, sancte spiritus", que dialoga com a "Oitava" de Mahler (1860-1911).
Karabtchevsky soma momentos de leveza ao domínio dos timbres superpostos, típicos do compositor carioca.
E a Osesp não perde coesão ao mergulhar na diversidade dos estilos.