'Eu estava lá, eu vi tudo', conta repórter Gay Talese
O jornalista Gay Talese, 82, que cobriu as marchas de Selma a Montgomery ao lado de Martin Luther King, explicou à Folha por que acha o filme fiel aos fatos. Leia trecho.
-
Folha - "Selma" é um retrato realista?
Gay Talese - Sim. Eu estava lá, eu vi tudo. O filme oferece um retrato muito realista do que aconteceu. Eu estava observando, ao lado da ponte Edmund Pettus, naquela tarde de domingo, dia 7 de março de 1965, quando os homens do xerife atacaram os que vinham marchando e os derrubaram no chão, depois perseguiram os que escaparam pelas ruas da cidade e pelo bairro negro de Selma.
Escrevi dezenas de matérias para o jornal "The New York Times", e voltei para Selma muitas vezes, nos anos 70, 80 e também neste século 21.
E quanto aos bastidores políticos, o filme é fiel aos fatos?
Quem pode ter absoluta certeza do que aconteceu nas salas da Casa Branca?
As câmeras de TV levaram a história para as casas de milhões de norte-americanos, negros e brancos, e subitamente o sonho de Martin Luther King motivou os brancos da América.
Obviamente, o seu presidente oportunista, [Lyndon] Johnson, pulou, tentando agarrar o vagão histórico e quis liderar a nação para uma conclusão a seu favor. Johnson queria a marcha para ele.