Crítica filme na TV
Para Almodóvar, só excesso leva ao palácio da sabedoria
Desde o título, "A Pele que Habito" (2011, 16 anos, Cinemax, 21h) designa uma tensão entre o sujeito e seu corpo. Como se fossem duas coisas distintas.
Ou antes: nesse que é talvez seu filme mais complexo, Pedro Almodóvar separa essas duas entidades. Já não somos nossa aparência, somos objetos mutantes.
E quem nos transforma é o brilhante cirurgião plástico Robert Ledgard (Antonio Banderas), que, tendo perdido a mulher num incêndio, desenvolve uma pele resistente a praticamente tudo.
Estamos no registro do melodrama descabelado, tipo cientista louco: os seres que desafiam a natureza e a ordem cósmica. Como um filme de David Cronenberg com um lado latino e uma paciência com o humano.
Mais até do que de hábito, aqui Almodóvar investe no excessivo. Para o espanhol parece que só o caminho do excesso leva ao palácio da sabedoria.