Crítica cinema/comédia
Constelação de famosos paga mico em trama que redefine conceito de ruindade
Para a felicidade dos produtores das atuais comédias brasileiras, uma crítica não tem influência no desempenho de um filme nas bilheterias. O público, na maior parte, vai pelos atores ou porque a publicidade manda, não por um suposto selo de legitimação intelectual.
Em "Superpai", de Pedro Amorim, temos uma constelação de nomes famosos do humor e da TV a serviço de uma trama que se afunda cada vez mais no mau gosto e na falta de inteligência.
Dos protagonistas, Danton Mello e Monica Iozzi, aos coadjuvantes de luxo, Dani Calabresa e Antonio Tabet, passando por Rafinha Bastos, Danilo Gentili, Paulinho Serra e Nicole Bahls, todos pagam mico nesta nova definição do conceito de ruindade.
A questão nem é o mau gosto. É que a única piada passável é aquela que está nos comerciais de TV, sobre o traseiro que devia pagar IPTU. Convenhamos: se essa é a melhor, que diremos das outras?
Danton Mello é Diogo, pai irresponsável que faz o diabo para reencontrar uma velha amiga de colégio (paquera da juventude) numa festa. Como sua esposa (Iozzi) não pode ficar com o filho Luca porque sua mãe sofreu um acidente e precisa ser levada ao hospital, Diogo procura uma creche noturna.
Uma série de confusões virá em seguida, e grande parte da narrativa só acontece porque o protagonista é um exemplo de estupidez.
Na festa, Diogo descobre que o nerd da turma virou milionário, que a amiga ninfomaníaca continua insaciável, que seus fiéis escudeiros continuam bobos, e que a velha amiga com a qual tem desejos eróticos continua atraente (só que mais turbinada, pois estamos na era do artifício).
SEM PENSAR
Após uma sucessão de piadas do pior nível possível (incluindo a tradicional escatologia), o espectador minimamente atento deve se perguntar se o filme não seria um tipo de pegadinha, com câmera escondida para flagrar as reações de repulsa ou constrangimento do público.
Contudo, não será surpresa se o filme fizer sucesso, pois muitas vezes o que parece essencial no desempenho das bilheterias é que o produto tenha tudo para que o espectador se divirta, desde que não precise pensar.