Stromae joga timidez para longe em shows no Brasil
Rapper belga, discreto fora dos palcos, se declara fã de Valesca Popozuda
Artista que se apresenta no Rio e em SP neste fim de semana diz que língua não será obstáculo para transmitir sua música
Ao telefone, com a fala veloz característica dos francófonos (e também dos rappers), o belga Stromae, 30, que vem ao Brasil pela primeira vez para shows no Rio e em São Paulo, avisa que, fora dos palcos, é bastante tímido.
"As pessoas ficam surpresas quando me veem, acham que eu sou grosso ou frio", diz Paul van Haver --seu nome real--, à Folha. "É que não sei falar com quem não conheço, sou bastante fechado."
Nem a fama, que começou com o lançamento de seu primeiro disco, "Cheese", de 2009, o tornou mais sociável.
"Aquilo que vemos na TV é um espetáculo, não é como as coisas são de verdade", explica ele, que adotou o nome artístico para se diferenciar de sua personalidade real. Stromae --pronuncia-se "istromai"-- significa "maestro" em "verlan", gíria do francês que inverte as sílabas das palavras.
"É melhor não usar meu próprio nome, porque não é Paul Haver que está em cena. Não posso acreditar que sou Stromae, ele é um personagem." Os notívagos devem se lembrar de "Alors on Danse", single em francês que se tornou presença constante nas pistas brasileiras de hip-hop e eletrônico a partir de 2009.
No entanto, só agora, depois do lançamento de seu segundo álbum, "Racine Carrée", de 2013, os fãs brasileiros terão a oportunidade de escutar sua batida ao vivo.
O belga se apresenta neste sábado (21), no festival carioca Back2Black, e no domingo (22), na casa de shows AudioSP, na capital paulista.
"Eu sei que há gente que acompanha desde o começo, desde 'Alors on Danse', mas nunca tive a oportunidade de por os pés no Brasil, então estou bastante animado." A música, é claro, não deve faltar no setlist do rapper, que deve tocar ainda sucessos mais novos como "Papaoutai" e a lenta "Formidable".
BAILE FUNK
Segundo ele, o idioma não será um obstáculo para a comunicação com o público. "Eu costumava achar que a língua era importante, mas agora acredito que a música se comunica por si só", diz ele, que diz ser fã de "baile funk" e principalmente de "Beijinho no Ombro", hit da brasileira Valesca Popozuda.
"Não entendo nada do que ela está contando, mas me lembra um pouco a música congolesa, a cabo-verdiana. O ritmo me interessa muito, porque é diferente."