Crítica cinema/drama
Com trilha espetacular, filme resgata amor genuíno à música
Qualquer pessoa com o mínimo de simpatia por música eletrônica vai se encantar com "Eden". Com trilha sonora espetacular, os primeiros 30 minutos são um mergulho pela cena parisiense dos anos 1990.
Enquanto as festas --com muito ecstasy e cocaína-- mostram o estereótipo da diversão em raves, o protagonista Paul Vallée mantém relação genuína com a música.
A reverência do personagem aos seus discos e artistas favoritos escancara uma inocência que já não existe mais. Hoje, muitos são DJs, mas poucos ultrapassam a superficialidade e apenas exalam um ar blasé.
Porém, a fidelidade de Paul ao garage --gênero que combina batidas do house com vocais de soul-- vira seu próprio fim. Sem se render ao que considera artificial, o personagem cai em desgraça: sem dinheiro e viciado em drogas, assiste aos amigos do Daft Punk ganharem o mundo.
Então, é obrigado a recorrer à mãe para sobreviver. Aí a trama resvala no moralismo fácil e parece um confessionário de Sven Hansen-Løve, irmão da diretora, no qual o filme é em parte baseado.
Sem querer, "Eden" retrata o mercado que renega aqueles que não trazem novidades, por mais pasteurizadas que sejam.