Lollapalooza
Ainda fiel à dança, Foster the People ataca consumismo
Grupo vem pela segunda vez ao festival paulistano, mas agora acrescenta ao repertório letras com crítica social
Líder do grupo diz ser fã de bandas que produzem experimentações e cita Mutantes como exemplo de nomes que o inspiram
Nas fotos, o Foster the People parece uma boy band. Mas os rapazes bonitinhos que se apresentam neste domingo (29) às 17h35 no Festival Lollapalooza sabem tocar. E fazer sucesso. Na verdade, o trio liderado por Mark Foster fez sucesso antes mesmo de lançar seu primeiro álbum.
Em 2010, depois de anos compondo jingles para comerciais de rádio e televisão, ele gravou "Pumped Up Kicks", canção dançante que se transformou em um furacão viral.
Foi tanta repercussão nas redes que, mesmo sem gravar um disco, o grupo foi convidado em 2011 para o principal festival pop americano, o Coachella, dividindo palco no deserto californiano com nomes como Strokes e Arcade Fire.
"Foi mesmo muito rápido", diz Foster à Folha. "Ninguém poderia imaginar aquela resposta do público." Quem estava lá, garante: a reação foi histérica, com milhares de pessoas dançando debaixo de um sol de 41 graus.
Ele espera ter em Interlagos a mesma vibração do público que afirma ter sentido em 2012, quando a banda apresentou o repertório do álbum "Torches" no primeiro Lollapalooza Brasil, na época realizado no Jockey Club paulistano.
"O lugar mudou, não? Mas o público deve ter o mesmo entusiasmo", aposta o cantor e tecladista. O baixista Jacob Fink e o baterista Mark Pontius completam a banda, que tem reforço de outros instrumentistas nos shows.
CABEÇÃO
Talvez o desempenho neste Lolla seja um pouco menos dançante do que em 2012. Foster concorda que o segundo álbum, "Supermodel", lançado no ano passado, é pop, mas menos chacoalhado.
"Há uma aura mais pesada, um pouco de tensão nas letras. O primeiro disco reuniu músicas que eu escrevi durante vários anos, falavam de muitas coisas. O segundo disco foi escrito em um ano, e reflete minhas preocupações nesse período."
Na verdade, "Supermodel" é praticamente um álbum conceitual, no qual várias músicas são críticas ao consumismo desenfreado. O Foster the People troca o dance pop por músicas "cabeçudas"?
"Não, espero que não", diz o cantor. "As músicas de nossos dois álbuns se misturam bem no repertório dos shows, têm uma boa convivência. E eu gosto de experimentar coisas. Artistas que ousam experimentar me inspiram."
Ao responder sobre quais nomes o inspiram, Foster demonstra dificuldade para pronunciar o nome, mas capricha no português: "A banda Mutantes", responde, acrescentando que em seus discos ele acredita escutar "rock psicodélico com tambores". "Genial", resume.