Crítica cinema/drama
Atuações sublimes sustentam força de 'O Ano Mais Violento'
Oscar Isaac e Jessica Chastain brilham sob a direção intensa de J.C. Chandor
Nova York, 1981. Esse é o ano mais violento da história da cidade, segundo os registros oficiais. E é nesse ano que encontramos Abel Morales (Oscar Isaac), um poderoso comerciante de combustível que começa a ter os negócios e a família ameaçados.
Grandes carregamentos perdidos, homens armados rondando sua casa, um funcionário problemático e dívidas começam a apavorá-lo. Sua missão nada fácil é contornar todos esses problemas e evitar a ruína.
Neste terceiro longa de J.C. Chandor temos duas forças em feliz comunhão. A primeira vem do próprio diretor, um dos raros da atualidade com algo a dizer e a mostrar.
"Margin Call - O Dia Antes do Fim" (2011), sua estreia em longas, trata da crise financeira que assolou o mundo em 2008, e ainda é seu melhor momento. "Até o Fim" (2013) tem Robert Redford no papel de um navegador cujo barco fica avariado durante um passeio.
Neste "O Ano Mais Violento", seu terceiro longa, Chandor dá mais um passo dentro de seu cinema elegante, no limite de (mas sem sucumbir a) uma certa frieza acadêmica. É impressionante a segurança com que dirige este drama que flerta a um só tempo com o filme de máfia e com o problema da imigração.
Uma outra força vem do elenco, como tem sido constante em Hollywood. Oscar Isaac está sublime. Parece incrível que antes tenha interpretado personagens tão diferentes como o jovem malandro de "As Duas Faces de Janeiro" (2014), de Hossein Amini, e o cantor folk de "Inside Llewyn Davis: Balada de um Homem Comum" (2013), dos irmãos Coen.
Sua esposa em "O Ano" é Jessica Chastain, por quem nunca suspirei, mas que aqui, com a pose de mulher forte, espécie de Lady Macbeth nova-iorquina, tem seu maior momento no cinema.
Não precisaríamos nem mencionar David Oyelowo, como um policial meio ensaboado que persegue Abel, ou Albert Brooks, cujo personagem é uma mistura de advogado e conselheiro típico de mafiosos. É mesmo a dupla Isaac-Chastain que sustenta o filme e permite a Chandor realizar um trabalho de grande intensidade.