Netflix vai ter 'tagger' para ver e avaliar obras no Brasil
Profissional ajuda a categorizar títulos e a entender preferências nacionais
Rótulos comotipo 'filme latino-americano sobre crimes' 'influenciam os investimentos em produções originais e a melhorar sugestões de atrações aos assinantes do serviço
Por trás de toda categoria específica da Netflix, como "filmes latino-americanos sobre crimes", há alguém responsável por ajudar a classificar seu conteúdo. Pela primeira vez, haverá um desses profissionais, chamados de "taggers", no Brasil --sinal de importância do país para o serviço de vídeo sob demanda.
Cada filme ou programa que entra no catálogo da Netflix é classificado por um responsável por avaliar as coisas mais diversas: há nudez ali? De que tipo? Aparecem animais? Se sim, bichos fofos de estimação ou ferozes predadores? Com base nisso, o sistema coloca cada título em diferentes categorias.
Por ora, os títulos presentes no país são classificados por brasileiros vivendo nos Estados Unidos. "Mas queremos ter alguém no país, imerso na cultura daí no dia a dia", conta à Folha o vice-presidente de inovação do serviço, Todd Yelling.
As "tags" têm funções diferentes para o serviço. Foi vendo que Kevin Spacey e dramas políticos eram populares, por exemplo, que a Netflix decidiu investir em "House of Cards", sua primeira série original de sucesso.
Para a equipe de Yelling, no entanto, o impacto é outro: "Temos que colocar o conteúdo certo na frente da pessoa certa na hora certa". Entender o conteúdo é o primeiro passo para dar sugestões que agradem os usuários. "Temos milhares de títulos e não queremos que os assinantes gastem seu tempo procurando o que assistir."
"Às vezes, para efeito de humor, colocamos categorias super específicas, mas na verdade só queremos saber que título será perfeito para cada um naquela noite", conta.
Conhecer as preferências de cada um permite que o serviço, por exemplo, ofereça diferentes trailers de uma mesma série para diferentes usuários. "Pense [na série original] 'Bloodline'. Quem gosta de mistério recebeu um trailer. Quem gosta de dramas familiares viu outro."
Até a foto que aparece ao lado de cada título é pensada. O serviço testa imagens diferentes para os usuários e a mais popular passa a ser exibida para todos. "O próximo passo é mostrar imagens personalizadas para cada um."
Um "tagger" local, segundo Yelling, permite que as pequenas sutilezas de um país sejam compreendidas. "Queremos entender todos os tons de cinza", afirma. Por ora, o serviço tem profissionais nos EUA, no México, na Holanda, no Canadá e no Reino Unido.
INVESTIMENTOS
Yelling dizafirma que neste ano a Netflix irá dobrar seu conteúdo original. Se no, que no ano passado foramteve 100 horas de títulos próprios no mundo todo, em 2015 serão. "Teremos mais de 300 horas de títulos próprios no mundo todo"do. "E no ano que vem esse número dobrará novamente", conta.", afirma.
Sobre o tipo de conteúdo, diz que buscam diversidade. "Haverá ficção científica, drama, comédia e por aí vai", diz, sobre o conteúdo. Teremos títulos locais e internacionais." Yelling cita, por exemplo, a série "Narcos", que narra a história do colombiano Pablo Escobar, interpretado por Wagner Moura.
"Conseguimos ter o José Padilha, um dos melhores diretores brasileiros, no projeto. Sou fã de 'Tropa de Elite'."
Em relação à tecnologia, ele conta que a Netflix está investindo nos comandos de voz. "Achamos que nos próximos anos você vai poder falar àa sua TV que quer ver o quinto episódio de 'Narcos' sem tocar no controle remoto", diz. "Estamos trabalhando para facilitar o acesso àquilo que você quer ver."