Crítica filme na tv
'Moscou', de Coutinho, encanta ao contaminar-se pela ficção
Antes de tudo, "Moscou" (2009, livre, TV Brasil, 24h) fala da integridade de Eduardo Coutinho. Após chegar a uma espécie de resposta perfeita a suas inquietações sobre a representação (em "Jogo de Cena", de 2007), era preciso seguir adiante.
E se a vida é um jogo de cena, que tal embrenhar-se pelo teatro mesmo, em busca de uma nova questão? Aqui temos uma montagem de "As Três Irmãs", de Tchékhov, pelo Grupo Galpão.
Não a montagem, mas os ensaios, o processo que leva do texto à cena. Trata-se de um documentário, portanto. Esse documentário versa sobre a ficção, sobre o trabalho da ficção, e deixa-se contaminar por ele.
Esse é seu encanto principal. Seria o único? Pessoalmente, não creio. É preciso convir, no entanto, que estamos aqui num momento de passagem para o que seria "Um Dia na Vida" (2010), outro primor de Coutinho.