Crítica filme na TV
É próprio do cinema absorver o banal para erigir o fabuloso
É difícil encontrar história mais banal que a de "Adorável Pecadora" ("Let's Make Love", 1960, 14 anos, TV Cultura, 23h30). Ali, Yves Montand é o arquimilionário que, ao ver Marilyn Monroe, uma atriz, se apaixona.
Seria fácil para um milionário aproximar-se da garota. Mas ele não quer ser amado pelo seu dinheiro, mas sim pelo que é --aquela xaropada toda. Como, então, estarmos diante de um filme absolutamente fascinante?
É claro que Marilyn ajuda um monte. E que estar de caso com Montand não atrapalhava. Há, também, a direção fantástica de George Cukor, o melhor diretor de atrizes da Hollywood clássica.
Mas existe algo que faz parte do cinema e tantos relutam em notar: a história é apenas um dos aspectos de um filme, não o central. É próprio do cinema absorver o banal da trama e, sobre gestos, movimentos e entonações, erigir o fabuloso. É bem o caso aqui.