Crítica filme na tv
Drama invulgar 'El Sur' nos faz sentir mistério de existir
Digamos, para simplificar, que no filme "El Sur" (1983, 18 anos, TV Brasil, 0h) existe uma menina e seu pai.
E também o norte e o sul. Da Espanha, sim. O norte é onde ela vive, onde está também seu pai. O sul... bem... O sul é o lugar do mistério.
Não se trata apenas de algo geográfico. Trata-se dessas palavras, dessas expressões que, vistas ou ouvidas na boca do pai, tornam-se mitos pessoais.
Como traduzir isso em imagens? E como conciliá-las com a descoberta do mundo?
É essa a mágica do cineasta Víctor Erice, autor espanhol de raros filmes, cada um mais fascinante, belo e talentoso do que outro.
Pela voz da protagonista Estrella sentimos o mistério de existir, de experimentar o mundo, de crescer, de viver suas contradições.
Pois lá no sul há uma outra vida, adulta, ainda indecifrável. Seria injusto, ao falar desse filme invulgar, omitir a presença forte de Omero Antonutti, como o pai, ou a luz de José Luis Alcaine.