Crítica cinema/drama
Sem medo de cair no abismo, diretor consegue se equilibrar
Quem observar os créditos finais de "O Gorila", de José Eduardo Belmonte, perceberá a data do copyright: 2012.
No entanto, o filme chega ao circuito comercial somente agora, três anos depois.
A que se deve a demora? Normalmente a burocracia é a grande culpada, mas neste caso podemos concluir que é o terrível gargalo da exibição.
Nem mesmo as premiações no Festival do Rio de 2012 --de ator para Otávio Müller e atriz coadjuvante para Alessandra Negrini-- ajudaram a alavancar o filme nos cinemas. O jeito foi esperar por um espaço.
Baseado em elogiado conto de Sérgio Sant'Anna, "O Gorila" é um filme tortuoso sobre Afrânio (Müller), ex-dublador de TV que passa os dias a telefonar para mulheres (e um homem), com voz sensual e ruídos guturais do primata.
A habitual falta de foco de Belmonte, por vezes compensada com garra e uma salutar propensão ao risco, dá as caras aqui. O filme está sempre na corda bamba, prestes a degringolar.
Salva-se com a confusão mental de Afrânio, após ser flagrado pelo namorado de Cíntia (Mariana Ximenes), uma de suas "vítimas". Essa confusão coloca o filme em outro patamar, e Belmonte, sem medo de cair no abismo, consegue se equilibrar.
AVALIAÇÃO bom