Quadrinista Liniers mostra tirinhas de Macanudo em SP
Argentino pinta mural hoje, na abertura de exposição com cerca de 650 obras
Personagens de humor terno e melancólico são publicados desde 2002 no jornal 'La Nación' e dão origem a produtos
O quadrinista argentino Ricardo Liniers Siri viu recentemente seus desenhos publicados na capa da cultuada revista "The New Yorker". Para o autor, foi como alcançar "o Everest dos ilustradores".
Mas o mais provável é que seu trabalho de maior reconhecimento seja mesmo "Macanudo", tirinha publicada desde 2002 no jornal "La Nación" e que ganha exposição em São Paulo a partir deste sábado (4). "Quando deixar de desenhá-la, vou ter que me preparar para as perguntas de quando voltarei a desenhá-la", afirma.
No mundo de "Macanudo", Liniers criou um universo particular de delicadeza e humor terno (por vezes melancólico), arrebatando fãs pelo mundo.
Seus personagens mais conhecidos --Olga, a menina Enriqueta e seu gato Fellini, pinguins e duendes-- saltaram das páginas dos jornais e livros e se transformaram em cadernos, postais, roupas, canecas e até mesmo em símbolo de manifestações contra violência de gênero na Argentina.
A exposição "Macanudismo" traz à cidade cerca de 500 desenhos originais das tiras, além de ilustrações inéditas. O autor participa da inauguração da mostra, às 11h, pintando um mural ao vivo, enquanto o músico conterrâneo Cheba Massolo exibe suas canções. À tarde, haverá sessão de autógrafos.
Para o quadrinista Fábio Zimbres, que já foi convidado para fazer uma tirinha "cover" de Macanudo, o sucesso do argentino é uma combinação da delicadeza com que aborda certos temas com a personalidade do desenhista. "Ele se apresenta muito francamente em qualquer veículo que tiver disponível. O Liniers é tão importante para o êxito dele quanto o seu trabalho", disse.
Além da exposição, que fica aberta até 1º de setembro, haverá uma programação paralela com debates sobre histórias em quadrinhos.
Convidada de uma das mesas, a cartunista Laerte Coutinho lembra que Liniers é um dos herdeiros de Quino, criador de "Mafalda". "Ele está inserido em uma tradição de humor argentino", disse.
Para o autor de "Macanudo", esse humor é "mais introspectivo". Ainda que os personagens de Liniers sejam pouco contestadores, ele já rendeu homenagens a Quino ao desenhar Enriqueta lendo "Mafalda".