Festival de inverno de Campos do Jordão
CRÍTICA MÚSICA ERUDITA
Orquestra vence programas ambiciosos com dificuldades
Bolsitas fizeram boa performance, mas ainda há muito o que melhorar
Imagine um time formado por jovens jogadores –que nunca atuaram juntos– convocados para estrear após apenas uma semana de treinamento. Imagine ainda que a partida é difícil, e que o estádio é o mesmo em que jogam os profissionais consagrados.
Considerando tudo isso, foi boa a performance do primeiro programa da Orquestra do Festival de Inverno de Campos do Jordão na Sala São Paulo no domingo (12). Há, porém, muito o que melhorar para as próximas semanas.
Dirigidos pela maestrina inglesa Sian Edwards, os bolsistas atacaram o "Concerto para Violino", de Jean Sibelius (1865-1957), e "Quadros de uma Exposição", de Modest Mussorgsky (1839-1881).
Luiz Fílip foi o solista em Sibelius, uma forte motivação para os jovens, já que o brasileiro –que foi aluno do Festival de Campos há 14 anos– hoje integra o naipe de primeiros violinos da Orquestra Filarmônica de Berlim.
Sua interpretação do concerto do finlandês é sofisticada, embora um tanto contida. Um número maior de ensaios certamente garantiria mais integração entre os tempos do solista e da orquestra.
Já a peça russa (na versão orquestral de Maurice Ravel) talvez tenha sido uma escolha de repertório um tanto ambiciosa para a primeira semana de trabalho, mas é inegável o aprendizado resultante desse contato.
Podemos dizer que os violinos começaram um degrau acima do nível de violoncelos e contrabaixos; flautas destacaram-se nas madeiras, e os metais sofreram um pouco com afinação e precisão em diversos trechos (como nas "Catacumbas").
Destaques individuais para o primeiro trompete e para o belíssimo solo de saxofone em "O Velho Castelo", aquele momento de um concerto que persiste na memória ao chegarmos em casa.
Coube a Sian Edwards colocar o time em campo. Agora a americana Marin Alsop, regente da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), trabalhará com eles composições de Antonín Dvorák (1841-1904) e Igor Fiodorovitch Stravinsky (1882-1971) para os dias 18/7 e 19/7.
Enfim, o maestro japonês Eiji Oue fará o grand finale (dias 25/7 e 26/7) com Marlos Nobre e sinfonia de Gustav Mahler (1860-1911).
Os concertos do primeiro final de semana da Orquestra do Festival de Campos do Jordão foram dedicados a Sígrido Levental, criador do Conservatório Brooklin Paulista –um dos mais ricos ambientes pedagógico-musicais do país durante várias décadas.
ORQUESTRA DO FESTIVAL DE CAMPOS DO JORDÃO
AVALIAÇÃO bom
CONFIRA PROGRAMAÇÃO EM www.festivalcamposdojordao.org.br