Álbum reúne faixas de Milton em roupagem rap e eletrônica
Jovens artistas fazem homenagem ao cantor em disco gratuito
A voz e os arranjos melódicos de Milton Nascimento ganham ares de rap, beats eletrônicos e até ritmos de cumbia em "Mil Tom", álbum virtual que reúne reinterpretações de 30 músicas famosas na voz do cantor, 72, expoente da MPB e do Clube da Esquina, na década de 1960.
As versões, interpretadas por jovens artistas brasileiros, estão disponíveis desde o fim de junho para download gratuito no site "Scream & Yell".
O projeto começou no início do ano por iniciativa do produtor musical Pedro Ferreira, que já havia feito homenagem parecida à banda Los Hermanos com "Re-Trato" (2012). "Quisemos trazer músicos que admiram ou são influenciados por Milton."
Em suas versões, cada intérprete buscou dar a sua cara à canção escolhida. "A ideia era fugir do óbvio e mostrar estéticas e gerações bastante diferentes", afirma Ferreira.
Para o seu "Amor de Índio", a cantora curitibana Thaís Gulin, 35, mesclou à harmonia trechos de "Gymnopédie", do compositor francês Erik Satie (1866-1925). "Havia muitos vazios no começo, e criamos um paredão sonoro e algumas batidas eletrônicas", diz Gulin.
Já o quinteto carioca Baleia escolheu "E Daí" por ver na canção aspectos contemporâneos. "Achamos que tinha, na produção da faixa, coisas parecidas com bandas como Radiohead e Sigur Rós", diz o vocalista Gabriel Vaz, 28. "E decidimos fazer algo meio tribal."
Felipe Cordeiro, 30, buscou uma composição rítmica, "Cravo e Canela", mais próxima do estilo guitarrada e tecnomelody do paraense.
"Fiz algo mais sustentado no beat eletrônico, em ritmos como a cumbia", conta ele, que gravou a música em um quarto de hotel, depois mixada por seu pai, Milton Cordeiro.
Um Milton mais rap está em "O Rouxinol", com Karol Conka, 28, e em "Tudo o que Você Podia Ser", com Rashid. "Essa música fala sobre o sonho, a mesma mensagem do meu rap", diz Rashid, 27.
O rapper escreveu rimas para incluir nas pausas da música e, "como não sabia cantar", aprendeu para essa música. "Ficou pesado para a minha fonoaudióloga", brinca.