Causa da Revolução Francesa é esmiuçada na Coleção Folha
'O Antigo Regime e a Revolução', de Alexis de Tocqueville, chega às bancas no dia 26
No próximo domingo (26), a Coleção Folha traz "O Antigo Regime e a Revolução", livro Alexis de Tocqueville (1805-1859) faz análise penetrante da Revolução Francesa.
Aristocrata, Tocqueville estudou direito e se tornou magistrado. Em 1831, foi conhecer as penitenciárias dos EUA. Lá, fez os estudos que resultaram no clássico "A Democracia na América", de 1835.
Em seguida, fez carreira política, interrompida pelo golpe de Luís Bonaparte, em 1851. Dedicou-se então a escrever "O Antigo Regime e a Revolução".
Tocqueville observa que a revolução, que visava abolir as instituições feudais, "não eclodiu nos países em que essas instituições, mais bem conservadas, mais impunham ao povo seu peso e rigor, e sim, ao contrário, nos países onde elas menos se faziam sentir; de tal forma que seu jugo pareceu mais insuportável justamente onde na realidade era menos pesado".
Como explicar tal paradoxo? Contrapondo-se à tese de Jules Michelet (1798-1874), de que a miséria que assolava a França foi a causa da revolução, Tocqueville mostra que a razão principal dessa ruptura foi o desenvolvimento econômico, que erodiu as velhas estruturas políticas: "Os franceses consideraram sua posição tanto mais intolerável quanto melhor ela se tornava".
Por quê? Como diz Adam Schaff (1913-2006), a explicação do filósofo é uma das mais belas da ciência política.
"Nem sempre é indo de mal a pior que se acaba caindo em revolução. Acontece muito frequentemente que um povo que suportou sem reclamar, e como se não as sentisse, as leis mais opressivas, repele-as violentamente assim que seu peso fica mais leve...", afirma.
"E a experiência ensina que o momento mais perigoso para um mau governo geralmente é aquele em que começa a se reformar."
As concessões indicam que existe uma saída para a crise: "O mal que sofriam pacientemente como inevitável parece insuportável assim que concebem a ideia de escapar-lhe. Tudo o que se elimina então dos abusos parece mostrar melhor o que deles resta e torna mais pungente sua sensação: o mal tornou-se menor, é verdade, porém a sensibilidade é mais viva".