Ocupação israelense é inaceitável, diz Caetano após 2 dias na região
'Basta à opressão', bradou o brasileiro para plateia de ativistas de direitos humanos em Tel Aviv
Ele e Gil fazem hoje show em Israel, que ficou polêmico após movimento pedir seu cancelamento
Dois dias de visita a Israel, com uma passagem rápida pela Cisjordânia, bastaram para que Caetano Veloso adotasse um discurso mais enfático quanto ao conflito entre israelenses e palestinos.
Um dia antes do show em Israel, que acontece nesta terça (28), o músico declarou, diante de uma plateia de ativistas de direitos humanos em Tel Aviv, que considera a presença israelense em territórios palestinos "inaceitável".
"Um basta à ocupação, um basta à segregação e um basta à opressão", bradou Caetano, do lado de Gilberto Gil.
"Eu queria falar uma coisa mais clara, que eu acho inaceitável a ocupação", disse o cantor depois, explicando sua mudança de tom, adotada após uma visita ao vilarejo palestino de Susiya, na Cisjordânia, no domingo (26), onde os moradores reclamaram das agruras da presença israelense na região.
"Mas isso aqui é coisa pequena, sou brasileiro, visitante, cantor, isso é um problema dos israelenses", continuou, humilde.
'CERTA RAZÃO'
A apresentação em Tel Aviv se tornou polêmica depois que ativistas do movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções contra Israel (BDS) pediram seu cancelamento.
Na segunda (27), Caetano afirmou que o "BDS tem certa razão", no encontro com representantes do Novo Fundo Israelense, grupo que reúne 400 ONGs israelenses e palestinas que atuam pela convivência pacífica entre os dois povos. Mas disse não ter se arrependido de visitar o país.
"O BDS nos pressionou muito para que não viéssemos. Não aceitamos cancelar, mas, pelo menos no meu caso, acredito que eles têm certa razão. Mas eu já estive três vezes em Tel Aviv e continuo a amar a cidade", ponderou.
Caetano e Gil também falaram de política ao serem recebidos pelo ex-presidente de Israel, Shimon Peres (91), no Centro Peres pela Paz. O ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1994 os chamou de "mensageiros da paz" por trazerem a música brasileira para uma região tão conturbada.
"Vocês fazem todo o mundo cantar. É uma grande honra tê-los aqui. Vocês são anjos", disse o ex-presidente.
"Estamos aqui para cantar", disse Gil. "Mas também queremos dividir nossas posições e preocupações. É claro que há elementos particulares que constituem a vida complexa que vocês vivem hoje nesta parte do mundo. Tudo isso é importante, tocante e muitas vezes preocupante."