Para Francis Bacon, filósofos são abelhas no jardim do real
Próximo volume da coleção dos pensadores traz 59 ensaios clássicos da língua inglesa
A Folha lança no próximo domingo (9) os "Ensaios" de Francis Bacon (1561-1626), um clássico da língua inglesa.
No livro, Bacon antecipa os pressupostos do método indutivo, que abriu caminho para o desenvolvimento da indústria moderna: "A primeira criação de Deus, nos seus dias de labor, foi a luz dos sentidos; a última foi a luz da razão".
Para ele, o conhecimento precisa partir dos fatos concretos para que o homem possa então apreender suas causas e formular leis gerais.
Ele distinguia três tipos de estudiosos. Os empíricos são como formigas, que apenas colhem; os dogmáticos são aranhas que extraem sua teia conceitual de si mesmos; mas os verdadeiros filósofos são como as abelhas, que recolhem as matérias-primas no jardim do real e as transformam num produto novo.
Adepto da máxima "saber é poder", Bacon diz que "os estudos moldam o caráter": "A história torna os homens sábios; a poesia, engenhosos; a matemática, sutis; a filosofia natural, profundos; a ética, graves; a lógica e a retórica, capazes no debate".
Mas é preciso haver método: "Alguns livros devem ser apenas provados, outros tragados, e alguns poucos devem ser mastigados e digeridos".
A obra reúne os 59 ensaios da última edição preparada por Bacon, na qual discute a verdade, o poder e a beleza.
Ao discutir a condução do Estado, ele destaca o papel da audácia: embora seja "filha da ignorância e da baixeza", fascina os que são rasos em juízo, isto é, a maioria. "A audácia é sempre cega; para tanto não vê perigos e inconveniências. Então é má em deliberação, e boa em execução; de forma que o uso certo de pessoas audazes é que nunca comandem como chefe, mas como subordinados".