Grande sertão
Mais tocada nas rádios do país, música sertaneja vive boom de megafestivais; capital paulista terá um
Um touro de 20 metros irá pastar na grama do Jockey Club, em São Paulo. Nos dias 28 e 29 de novembro, uma estrutura com o formato do animal oferecerá vista para os três palcos do megafestival de música sertaneja Brahma Valley, a ser anunciado pela marca de cerveja nesta quinta-feira (20).
Com 40 atrações, escolhidas por João Marcelo Bôscoli, o evento trará pesos-pesados do gênero –Fernando & Sorocaba, Henrique & Juliano, Lucas Lucco, Chitãozinho & Xororó e Renato Teixeira– e de outras searas, como Jorge Ben Jor, Mr. Catra, Negra Li e o DJ francês Bob Sinclar.
A expectativa, segundo Gustavo Segantini, diretor de marketing da Brahma, é reunir 100 mil pessoas, tendo como inspiração o eletrônico Tomorrowland e o roqueiro Lollapalooza, que reuniram, em média, 130 mil em 2015.
"Um superfestival dando ênfase no potencial de misturar", diz Segantini, algo que "não existia para o sertanejo".
O Valley será o primeiro nessas proporções na capital paulista –onde há um circuito consolidado de casas noturnas voltadas ao gênero, como o Villa Country, que reúne até 10 mil pessoas por noite.
Ele chega em um momento de expansão de megafestivais dedicados ao estilo musical mais tocado nas rádios do país. Trata-se de um modelo que tem crescido nos últimos cinco anos, segundo empresários ouvidos pela reportagem.
Em setembro, a capital paulista receberá, pela terceira vez, uma edição do Villa Mix, criado em Goiânia em 2011 e realizado, desde 2014, em 23 cidades de 20 Estados do país. Em 2014, foram 35 mil pessoas em São Paulo e 60 mil na capital goiana.
Outro gigante é o Caldas Country. Em sua 10ª edição, a festa em Caldas Novas (GO) acontece em 31/10 e 1º/11 para 80 mil pessoas, nos dois dias.
André Piunti, do site "Universo Sertanejo", diz que promover festivais, para além dos rodeios, é uma "grande sacada" para escritórios lançarem artistas novatos de seus cardápios na programação, tocando antes das estrelas.
"O primeiro que funcionou melhor foi o Villa Mix. Ele construiu um modelo e provou que é possível organizar grandes shows sem precisar de um rodeio", relata Piunti.
Provou até para a tradicionalíssima Festa do Peão de Barretos, que começa sua 60ª edição nesta quinta (20) anunciando um festival próprio para março de 2016. "A tendência é fidelizar o público nesse formato", diz Jerônimo Muzetti, presidente da empresa que organiza o rodeio. "O pessoal está se profissionalizando na entrega do espetáculo."
Para o cantor e empresário Sorocaba, da dupla com Fernando, o Valley é "sem precedentes". "Vai quebrar diversos paradigmas do sertanejo na maior cidade do país", diz, ele mesmo dono do Loop 360°, festival itinerante que engrenou em 2015.