Coleção traz livro escrito por Baruch de Espinosa
'Tratado Político' foi inspirado em Maquiavel
A Folha lança no próximo domingo (6) o "Tratado Político" que Baruch de Espinosa (1632-1677) estava redigindo quando morreu em Haia, vítima da tuberculose.
Inspirado em Maquiavel, Espinosa observa que os filósofos não concebem os homens "como são, mas como gostariam que eles fossem", e, quando se dispõem a tratar de política, propõem soluções utópicas: ao contrário do que pensava Platão, "não há ninguém menos idôneo para governar uma república do que os teóricos ou filósofos".
Para Espinosa, o Estado é um direito comum, pois sua finalidade reside em garantir a cada cidadão o máximo de liberdade compatível com o interesse da coletividade.
Ele assinala que o poder daquele que se impõe pelo medo ou pela corrupção é limitado: quem domina o outro pela força "detém só o corpo dele, não a mente", e quem o suborna só governa enquanto dura a esperança.
Muito mais sólido é o Estado fundado no consenso. Uma vez instituído o Estado, é a sociedade que decide "o que é justo e o que é injusto, o que é piedoso e o que é ímpio", pois "a vontade da cidade deve ter-se por vontade de todos, aquilo que a cidade decide ser justo e bom deve ser considerado como se fosse decretado por cada um".