Festival de Toronto
'Room' encanta com drama inspirado em sequestro verdadeiro
Filme baseado na história da austríaca Elisabeth Fritzl é apresentado como primeiro forte concorrente ao Oscar
Dirigido por Lenny Abrahamson, longa conta a história de Jack, menino de cinco anos que nasceu em cativeiro
Cinco dias após o início do Festival de Toronto, surge um filme que pode ser um dos grandes nomes na corrida para o Oscar. "Room", de Lenny Abrahamson ("Frank"), foi apresentado nesta segunda (14) e arrancou aplausos da imprensa mundial.
O longa, baseado no livro "Quarto" (Ed. Verus, 2011), da irlandesa Emma Donoghue e roteirizado pela própria escritora, conta a história de Jack (o ótimo Jacob Tremblay), um menino de cinco anos que nasceu em cativeiro e nunca saiu do confinamento em que é mantido prisioneiro com a mãe, Joy (Brie Larson, forte candidata ao Oscar).
Inspirado em parte pelo episódio noticiado em 2008 sobre a austríaca Elisabeth Fritzl, que foi prisioneira do próprio pai por mais de duas décadas e teve sete filhos com ele, "Room" transformou-se no filme-surpresa de Toronto após um fim de semana de poucas indicações sobre o futuro do Oscar 2016.
"Meus filhos estavam com quatro anos quando li sobre o caso Fritzl e notei que queria escrever um livro sobre uma criança vendo nosso mundo pela primeira vez", explicou a autora do livro.
"Li a obra logo que saiu, fui cativado pela criança e queria fazer esse filme, mas soube que Obama apareceu com o livro embaixo do braço e imaginei que nunca conseguiria adaptá-lo [por causa da competição]", brincou Abrahamson.
"Room" não poupa o espectador, mesmo sem violência gráfica. A primeira metade é passada no cativeiro, o único mundo que Jack conhece. As restrições físicas são ultrapassadas com a imaginação do garoto e a persistência da mãe.
Ela tenta proteger o menino –assim como o espectador– até quando o sequestrador surge para estuprá-la. Mas tudo é manejado com sensibilidade pelo belo roteiro da irlandesa.
"É importante lembrar que não é a história de um crime, mas uma história de amor entre mãe e filho", diz Donoghue.
"Foi a primeira vez que chorei lendo desde a quarta série", conta a atriz, Brie Larson.
Ela passou um mês trancada no próprio apartamento para tentar compreender uma parcela do sentimento de sua personagem. "Queria ver o que aconteceria e coisas interessantes surgiram neste período. Velhas memórias ressurgiram, lembrei de coisas sobre minha infância."